quarta-feira, 29 de janeiro de 2025
O ESPALHAFATOSO CARRO DO DIABO
quinta-feira, 14 de novembro de 2024
SETE LENDAS INDÍGENAS EM CORDEL
quarta-feira, 22 de maio de 2024
O FANTASMA DO RIO SURUBIM
Numa curiosidade
Bastante emancipatória,
Revisitei meus lembrados
Nos guardados da memória,
Em cada passo, uma curva
E em cada curva, uma história.
Palmilhando esse caminho,
Pautado na sensatez,
Segui nas bisbilhotanças
Imbuídas de altivez.
Parte do que recolhi,
Agora conto a vocês.
Com o século dezoito
E seu desenvolvimento,
Criar meio de transporte
E estrada de escoamento
Das riquezas produzidas,
Era o foco do momento.
Sendo motivo de orgulho
Do povo piauiense,
O rio Surubim nascido
Na boa terra Altoense,
Compartilhando os encantos
Com o Campomaiorense.
Serpenteando a Caatinga,
Para depois desaguar
No Longá, que é outro rio
E, assim, também se integrar
Ao leito do Parnaíba
Que desemboca no mar.
Na travessia do rio
Foi construída uma ponte,
O progresso, lentamente,
Demonstrava sua fronte,
Limiar desse momento
Em prol de um novo horizonte.
Numa estrada piçarrada,
Sempre que um carro passava,
Algo que estivesse à margem
Depressa se empoeirava
E só se podia ver
Quando a poeira baixava.
Mas os ventos promissores
Atraíam criadores
Com seus rebanhos diversos
E também os mercadores,
Melhorando o suprimento
Para os demais moradores.
O Seu Raimundo Feitosa,
Habitava esse lugar,
Era um sujeito modesto
Que vivia a trabalhar,
Mas sempre arrumava tempo
Para um breve prosear.
Por vezes torcia cana
Numa moenda engenhosa,
A garapa era servida
Regada a bastante prosa
Entre seletos amigos —
Reunião primorosa.
No seu estilo de vida
Algo chamava atenção,
O fato dele morar
Na mais pura solidão,
Tendo como companhia
Só um destemido cão.
Ele, também costumava,
Sempre ao cair a noitinha
Preparar o seu cigarro
Acomodado onde tinha
Boa visão para a estrada,
Torcendo a sua palhinha.
Dessa forma, certo dia,
Ele pôs-se observar,
Uma luzinha contínua
Naquele curso a passar,
Sua curiosidade
Começou a despertar.
Mantendo-se muito atento
Na posição costumeira,
Ele pôde concluir
Que aquela cena certeira
Acontecia somente
Nas noites de sexta-feira.
Certa feita, Seu Raimundo,
Muito atento observava
A luz se movimentando
De um jeito que clareava
Como se fosse uma vela
Que o vento não apagava.
(...).
Ele, parado na margem,
Pôde notar o sumiço
Daquela pequena tocha
Misteriosa e, com isso,
Seus cabelos ouriçaram
Antevendo um rebuliço.
Nessa hora, ele também
Sentiu seu corpo tremer,
A seguir, um grande estrondo
Fez o rio estremecer…
Raimundo, nesse momento,
Nem conseguia correr.
Aturdido ele ficou
Ao ouvir o cangapé,
As águas se agitavam
Com enorme “labacé”,
Ele ainda resistia
Por ser um homem de fé.
Todo o leito borbulhava
Como se fosse fervura,
A correnteza girava
Com estupenda bravura,
Foi quando emergiu das águas
Uma horrenda criatura.
Era um ser descomunal,
Uma serpente gigante,
Possuía um olho só,
Na cor vermelho brilhante,
Disseminava terror
Num cenário horripilante.
(Segui…).
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sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024
A LENDA DO GUARANÁ
A Lenda do Guaraná foi publicada pela Rouxinol do Rinaré Edições/capa de Eduardo Azevedo.
Estrofes iniciais:
O folclore brasileiro,
De existência secular,
Tem no universo lendário
Um meio de preservar
Boa parte dos valores
Da cultura popular.
Povo Sateré-Mawé,
Herdeiro de muitas crenças,
Vem da tradição oral
Suas múltiplas sabenças
No cuidado com o corpo
E proteção de doenças.
(...).
Após banhar-se nas águas
Do mais sublime desejo,
Não tardou a engravidar,
No fulgor daquele ensejo,
Só bastou um beija-flor
Num flerte, tascar-lhe um beijo.
Com as bênçãos de Tupã,
Pelo seu merecimento,
Por ter coração bondoso
Não tardou o nascimento,
Na teia da evolução,
Do mais vistoso rebento.
Ele crescia mimoso,
O mais querido dali,
Apreciador de frutas
Igual um Araguaí,
E prontamente atendia
Pelo nome de Aguiry.
Era um curumim saudável,
Cheio de amor e alegria,
No coração da floresta
Onde se desenvolvia.
Sempre muito festejado
Na medida em que crescia.
(...).
E, assim, num certo dia,
Quando Aguiry caminhava
Entre os pés de castanheiros
Uma cobra lhe espreitava,
Após um bote certeiro
O seu veneno o matava.
Com isso, Yurupari,
A face da crueldade,
Pôs os seus olhos na aldeia
Disseminando maldade
Ao ceifar o curumim
Ainda na flor da idade.
Aguiry foi sepultado,
Naquela mesma manhã,
Num lugar bastante calmo
Perto da tabapuã,
Seu corpo para Mãe-Terra
E a alma para Tupã.
Após esse acontecido
Houve grande comoção.
A morte daquele jovem
Foi de cortar coração,
Mas o feito deu lugar
A pronta reparação.
Fizeram da sepultura
Um igara de tristeza,
O pranto daquele povo
Convertido em correnteza
Sobre um chão abençoado
Por obra da natureza.
Com o passar de algum tempo
Sua mãe observou
Na fronte da sepultura
Que uma plantinha brotou,
Em forma de trepadeira
Cresceu e frutificou.
Ao dar as primeiras flores
A planta foi visitada
Por abelhas operárias
Numa missão delicada,
Pela polinização
Ela foi multiplicada.
Cada fruto apresentou
Um traço muito bem-feito:
Uma casca avermelhada,
Sementes pretas do jeito
Dos olhinhos de Aguiry,
Num paralelo perfeito.
Segue…
Contato com o autor:
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E-mail: pedromonteirocordel@gmail.com
ARTE E CULTURA
FLOR AMARELA
Brilho da flor amarela, num cenário multicor, a paisagem na janela sugere versos de amor. PedrO M.

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