A LENDA DO GUARANÁ

A lenda do Guaraná tem origem na região norte do Brasil e é uma das mais populares do nosso folclore.
O guaraná é um fruto originário da Amazônia e, segundo a lenda dos povos Sateré-Mawé, representa os olhos de um curumim que foi mordido por uma serpente quando estava apanhando frutos na floresta e veio a falecer.
A Lenda do Guaraná foi publicada pela Rouxinol do Rinaré Edições/capa de Eduardo Azevedo.

Estrofes iniciais:

O folclore brasileiro,

De existência secular,

Tem no universo lendário 

Um meio de preservar

Boa parte dos valores 

Da cultura popular.


Povo Sateré-Mawé, 

Herdeiro de muitas crenças, 

Vem da tradição oral

Suas múltiplas sabenças

No cuidado com o corpo 

E proteção de doenças. 


(...).

Após banhar-se nas águas 

Do mais sublime desejo,

Não tardou a engravidar, 

No fulgor daquele ensejo,

Só bastou um beija-flor 

Num flerte, tascar-lhe um beijo.


Com as bênçãos de Tupã,

Pelo seu merecimento,

Por ter coração bondoso

Não tardou o nascimento, 

Na teia da evolução,

Do mais vistoso rebento.


Ele crescia mimoso, 

O mais querido dali,

Apreciador de frutas

Igual um Araguaí, 

E prontamente atendia

Pelo nome de Aguiry. 


Era um curumim saudável,

Cheio de amor e alegria, 

No coração da floresta

Onde se desenvolvia.

Sempre muito festejado 

Na medida em que crescia.


(...).


E, assim, num certo dia, 

Quando Aguiry caminhava 

Entre os pés de castanheiros

Uma cobra lhe espreitava,

Após um bote certeiro 

O seu veneno o matava.


Com isso, Yurupari, 

A face da crueldade,

Pôs os seus olhos na aldeia

Disseminando maldade 

Ao ceifar o curumim

Ainda na flor da idade.


Aguiry foi sepultado, 

Naquela mesma manhã,

Num lugar bastante calmo

Perto da tabapuã,

Seu corpo para Mãe-Terra

E a alma para Tupã.


Após esse acontecido 

Houve grande comoção. 

A morte daquele jovem 

Foi de cortar coração, 

Mas o feito deu lugar 

A pronta reparação. 


Fizeram da sepultura 

Um igara de tristeza,

O pranto daquele povo

Convertido em correnteza 

Sobre um chão abençoado 

Por obra da natureza. 


Com o passar de algum tempo 

Sua mãe observou 

Na fronte da sepultura 

Que uma plantinha brotou,

Em forma de trepadeira

Cresceu e frutificou.


Ao dar as primeiras flores 

A planta foi visitada

Por abelhas operárias

Numa missão delicada, 

Pela polinização 

Ela foi multiplicada.


Cada fruto apresentou 

Um traço muito bem-feito:

Uma casca avermelhada,  

Sementes pretas do jeito

Dos olhinhos de Aguiry,

Num paralelo perfeito. 


Segue…


Contato com o autor:

WhatsApp: 11 99135 1919

E-mail: pedromonteirocordel@gmail.com



Comentários

Concita disse…
Poeta, é um encanto sua lenda aliás, todas as que tenho lido... Nos apresentam o folclore do Brasil com todo o encanto da poesia em Cordel. Admiro a sua narrativa literária, uma riqueza!
Fico desejando que elas estivesses, aos montes, nas bibliotecas escolares, através de folhetos, livros, vídeos, etc. As crianças e adultos iriam amar o contato com essa forma de literatura. Afinal, a escrita é uma grande invenção da humanidade...
Pedro Monteiro disse…
Gratidão, Concita!

A leitura nos transporta
para o cerne do saber,
contribui, ao despertar
o nosso eterno aprender;
quem acha que sabe tudo
é pedante e, sobretudo,
precisa se refazer!

Abraços.

AlinhavoS de PedrO MonteirO

SÃO PAULO EM CORDEL

A VOLTA AO MUNDO EM OITENTA DIAS, VERSÃO EM CORDEL (Coleção clássicos em cordel).

HISTÓRIA DAS COPAS DO MUNDO EM CORDEL