segunda-feira, 14 de outubro de 2019
SE CORRER O BICHO PEGA...
Vidas correndo perigo
com a fauna e flora a arder,
mar e terra sem abrigo,
cena triste de se ver!
terça-feira, 8 de outubro de 2019
DIA DO NORDESTINO
Um pensamento menor
jamais deve ser aceito,
nosso nordeste é maior
de que qualquer preconceito!
nosso nordeste é maior
de que qualquer preconceito!
(P.M).
* Esta data homenageia toda a diversidade cultural e folclórica típica da região Nordeste do Brasil, conhecido pela sua musicalidade, culinária, danças, superstições, artesanatos, além das belíssimas paisagens naturais desta rica terra.
SOCORRO LIRÍSSIMA
Socorro Lira merece
toda
consideração,
ela
é Maria Bonita
de generosa feição,
tem
a voz melodiosa,
em
atitude é ditosa
guerreira
do meu sertão.
(P.M).
sábado, 28 de setembro de 2019
quinta-feira, 26 de setembro de 2019
CAMPO MAIOR
Campo Maior – Piauí,
minha terra, meu lugar,
quando me ausento de ti
dá vontade de voltar!
sábado, 24 de agosto de 2019
terça-feira, 30 de julho de 2019
CAJUÍNA EM TERESINA
✍
A cajuína ameniza
humanamente o calor,
é néctar que vitaliza
os doces laços de amor.
Teresina, realeza,
vila do rio Poti,
velho monge, outra beleza
das terras do Piauí.
São rios de braços dados,
duas vidas de esplendor,
energia dos cerrados
Encantos de beija-flor.
Desvelo da natureza
que faz sorrir e criar
uma ode à sutileza
que habita este meu lugar!
Cajuína em Teresina…
Delícia deste meu chão,
mais o sol que descortina
Belezuras do sertão!
PedrO M.
quarta-feira, 26 de junho de 2019
AMIZADE
A amizade é sublime:
Assim dizia Platão.
Viver é correr estradas
no limite da emoção,
Cuidando da aceleragem
sem esquecer a frenagem,
nem perder a direção.
PedrO M.
sexta-feira, 21 de junho de 2019
LIVRE E SOLTO
Pelas asas de um condor
numa atitude serena,
se a liberdade é plena
a vida tem mais valor!
domingo, 26 de maio de 2019
PRISÃO SEM CADEADO
A prisão nem sempre é
com grades e cadeados,
mas de sentimento e até
pelos remorsos guardados!
PedrO M.
CRIVOS INVERSOS
Nos alinhavos dos versos
uma certeza me atiça:
Somente os crivos inversos
bordarão nossa justiça!
PedrO M.
quarta-feira, 8 de maio de 2019
MÃE TERRA
A flor antecede o fruto,
Numa
safra divinal,
Mas
não é prova cabal
Da
derrocada do bruto,
Tampouco
salvo conduto
Para
quem é negligente.
Pois
só o benevolente
Vai
fazer acontecer
E,
assim, a mãe terra ser
Jardim
da nossa existência!
quinta-feira, 4 de outubro de 2018
CUMADE FULOZINHA
Cumade Fulozinha, como todas as criaturas mágicas do folclore brasileiro, assume formas variadas a depender da zona em que ocorrem suas aparições. Os seus traços também variam, mas as atribuições como duende fêmea, protetora dos animais selvagens de pequeno porte, punidora dos caçadores vorazes, são praticamente as mesmas em todo canto. Deriva, logicamente, do mito primitivo do Caipora, mas ganhou características próprias ao longo do tempo. Caapora, palavra tupi, significa “habitante da mata” e, por muito tempo, pode ter sido simplesmente uma designação genérica para as aparições informes das matas brasileiras, denunciadas pelo sibilar do vento, pelo estalo de galhos e pelo medo que incutia aos caçadores (Ver Luís da Câmara Cascudo, Geografia dos mitos brasileiros, p. 115). A Caipora fêmea parece ser uma adaptação tardia, assim como a Matinta amazônica, condicionada pela letra a (desinência que, na língua portuguesa, indica o gênero feminino).
A meio caminho entre o Caipora e a Cumade Fulozinha fica a Flor do Mato paraibana, de longa cabeleira loira, apreciadora de fumo mapinguinho, condutora da caça miúda, inimiga feroz dos caçadores impenitentes. Detesta pimenta. Açoita com seus cabelos os caçadores que lhe negam o tributo do fumo ou que abatem mais animais que o necessário à sua subsistência. Os cachorros percebem sua chegada antes de seus donos. Seus assobios desconcertam os caçadores, que ficam “variados”. Pode, como o Saci, matar os profanadores de seus domínios, fazendo-lhes cócegas nos pés por horas seguidas. Chamam-na “cumade” (comadre), estabelecendo-se um vínculo mágico, um pacto, assim como ao Negro d’Água, do rio São Francisco, chamam Compadre d’Água, num misto de medo e respeito. A Zona da Mata pernambucana, encolhida pelo avanço das usinas de cana de açúcar, é o habitat onde há maior registro da presença da Cumade Fulozinha, metamorfose final do informe Caipora, que tanto assombrou os primeiros cronistas europeus.
Pedro Monteiro, poeta piauiense, natural de Campo Maior, traz-nos, em cordel, uma interessante variante a partir de suas memórias de infância e juventude: Fulozinha é uma menina que, perseguindo um beija-flor, perdeu-se nas matas, morreu e virou visagem. Semelhante à concepção do Caipora como alma de “índio pagão”, possivelmente uma esperteza dos catequistas incorporadas pelos supersticiosos. Ela surge num redemoinho, como o Saci, e sua presença sobrenatural, muitas vezes, provoca danos que vão além do pavor que insufla. O sujeito para quem aparece fica “encaiporado”, possuidor de má sorte, pé frio, como dizem hoje em dia. Terá sorte, no entanto, quem ler este folheto de cordel que lança luzes sobre um assunto sempre fascinante e tão pouco explorado pela poesia bárdica do Nordeste.
Marco Haurélio
Estrofes iniciais:
Lembro de contos narrados
Pela minha vovozinha,
Sendo alguns remanescentes
Do tempo da Carochinha.
Nessa mesma trajetória
Ela contava a história
Da Cumade Fulozinha.
Eu só tinha doze anos,
Mas desde os oito, caçava,
Por isso dava atenção
Ao causo que ela contava.
Sempre ali de prontidão
Ouvindo com emoção,
Chega nem pestanejava.
(…).
Fulozinha aos sete anos
Pela astúcia já prendia
A atenção dos adultos,
Pois seu tino possuía
Destreza de liberdade,
Com muita sagacidade
Num mundo de fantasia.
Fulozinha aos sete anos
Pela astúcia já prendia
A atenção dos adultos,
Pois seu tino possuía
Destreza de liberdade,
Com muita sagacidade
Num mundo de fantasia.
Foi assim que um certo dia,
Por arte de um feito seu,
Ao seguir um beija-flor,
Na floresta se perdeu,
Virou estrela cadente,
Por arte de um feito seu,
Ao seguir um beija-flor,
Na floresta se perdeu,
Virou estrela cadente,
Reaparecendo somente
Quando o encanto se deu.
Como espectro, até hoje,
Sua fama é destacada,
Age por toda a floresta,
Quando o encanto se deu.
Como espectro, até hoje,
Sua fama é destacada,
Age por toda a floresta,
Mesmo de face envultada,
Sempre promovendo o medo,
Peraltice e arremedo,
Na forma de presepada.
(…).
Nas palavras da vovó,
Depressa me recordei
De uma vez numa caçada,
Um vexame que eu passei,
Foi noitada cabulosa,
Além de escura, chuvosa
E do assombro lhe contei:
— Saímos, eu e meu pai,
Para mais uma caçada,
Até aquele momento
A noite estava estrelada,
Porém, bastou um instante,
O céu mudou de semblante
Com lampejo e trovoada.
Nossa cachorra Baleia
Era a melhor garantia
De sucesso na empreita
Pela sua valentia.
O tatu que ela acuava,
Depois que o dominava,
Por entre os dentes latia.
Seguíamos por uma trilha
No clarão do candeeiro,
Quando ouvimos alaridos
Por detrás de um imbuzeiro,
Nossa cachorra gania,
O prenúncio parecia
Arte de um catimbozeiro.
Como se estivesse presa
Por armadilha certeira,
O ressoar das lapadas
Igual de uma açoitadeira.
A pobre se maldizia,
Tudo aquilo parecia
Não ser nada brincadeira.
Após a tremenda surra,
Ela chegou assombrada,
E deitou-se em nossos pés
De uma forma acabrunhada,
Como quem diz “me acuda”,
Implorando por ajuda
Para não ser açoitada.
(Segue)...
Sempre promovendo o medo,
Peraltice e arremedo,
Na forma de presepada.
(…).
Nas palavras da vovó,
Depressa me recordei
De uma vez numa caçada,
Um vexame que eu passei,
Foi noitada cabulosa,
Além de escura, chuvosa
E do assombro lhe contei:
— Saímos, eu e meu pai,
Para mais uma caçada,
Até aquele momento
A noite estava estrelada,
Porém, bastou um instante,
O céu mudou de semblante
Com lampejo e trovoada.
Nossa cachorra Baleia
Era a melhor garantia
De sucesso na empreita
Pela sua valentia.
O tatu que ela acuava,
Depois que o dominava,
Por entre os dentes latia.
Seguíamos por uma trilha
No clarão do candeeiro,
Quando ouvimos alaridos
Por detrás de um imbuzeiro,
Nossa cachorra gania,
O prenúncio parecia
Arte de um catimbozeiro.
Como se estivesse presa
Por armadilha certeira,
O ressoar das lapadas
Igual de uma açoitadeira.
A pobre se maldizia,
Tudo aquilo parecia
Não ser nada brincadeira.
Após a tremenda surra,
Ela chegou assombrada,
E deitou-se em nossos pés
De uma forma acabrunhada,
Como quem diz “me acuda”,
Implorando por ajuda
Para não ser açoitada.
(Segue)...
Contato com o autor:
sábado, 25 de agosto de 2018
O TOSTÃO DA DISCÓRDIA
Escrevi em parceria com o Poeta Marco Haurélio O TOSTÃO DA DISCÓRDIA, Cordel publicado pelo selo Rouxinol do Rinaré Edições, a capa é de Eduardo Azevedo.
Estrofes iniciais:
Avareza é, para a Igreja,
Um pecado capital.
Teimosia é um defeito,
Como não há outro igual
E a esperteza é virtude
Que não conhece rival.
Nesse mundo desconforme,
Manda aquele que mais tem.
O pobre passa apurado
Para juntar um vintém,
Chorando a falta de sorte,
Até que um dia ela vem.
Por isso, vamos contar
Uma história interessante,
Sucedido há muito tempo
Numa paragem distante,
E versa sobre a avareza
De um rico comerciante.
O seu nome, João Caiado,
Maioral da região,
Quando alguém lhe perguntava
Segredos da profissão,
Depressa ele respondia:
— Tem que saber dizer não!
Para ele era a palavra
Sua maior garantia.
Se alguém lhe devesse algo,
Jamais o perdoaria
Enquanto não recebesse,
Qualquer que fosse a quantia.
(.)...
quinta-feira, 7 de junho de 2018
APRENDENDO COM O ERRO!
O maior erro na vida
é o ter medo de errar!
Um passo em falso na lida,
tem o dom de despertar
o recomeço da meta,
um novo rumo da seta
no seu modo de pensar.
Um passo em falso na lida,
tem o dom de despertar
o recomeço da meta,
um novo rumo da seta
no seu modo de pensar.
PedrO M.
segunda-feira, 4 de junho de 2018
DENUNCIAR SEMPRE
Denunciar, prevenir
não é deixar desandar,
más fortemente abraçar
ações de um novo porvir.
Para a justiça punir
qualquer tipo de agressão,
sem engodo ou restrição,
porque quem ama não mata,
nem agride, nem maltrata —
É essa a grande questão!
quarta-feira, 30 de maio de 2018
CHICO TROPEIRO
Chico
Tropeiro é um homem
que tem amor pela lida!
Um semeador de sonhos
pelas estradas da vida,
levando paz na algibeira
e a saudade matadeira
da sua terra querida.
que tem amor pela lida!
Um semeador de sonhos
pelas estradas da vida,
levando paz na algibeira
e a saudade matadeira
da sua terra querida.
quinta-feira, 24 de agosto de 2017
A LENDA DO CABEÇA DE CUIA
O Cabeça de Cuia, assombração que
habita sob os leitos dos rios Parnaíba e Poti, no Piauí, chamou, desde cedo, a
atenção dos folcloristas, a começar pelo baiano Alfredo do Vale Cabral, que assim
o descreve: “É alto, magro, de grande cabelo que lhe cai pela testa e quando
nada o sacode, faz suas excursões na enchente do rio e poucas vezes durante a
seca. Come de 7 em 7 anos uma moça chamada Maria; às vezes porém devora os
meninos quando nadam no rio, e as mães proíbem que seus filhos aí se
banhem”. (Achegas ao estudo do folclore brasileiro, 1884). A penitência,
nascida de uma praga da mãe, duraria 49 anos. Luís da Câmara Cascudo, em Geografia dos mitos brasileiros (1948),
atribui à lenda uma origem branca. O episódio da maldição materna aparece em
lendas semelhantes, de visível cariz religioso, a exemplo do Corpo-seco, que
assombra, sem descanso, o interior paulista.
Às observações dos mestres do
Folclore é preciso acrescentar, porém, uma hipótese. O formato de cuia, símbolo da maldição, é o mesmo da
Lua. O número 7, que, segundo Câmara Cascudo, “a Cabala da Babilônia julgava
misterioso e sinistro”, remete aos dias da semana e aos ciclos lunares. As mais
recentes pesquisas, como a feita pelo autor deste folheto, Pedro Monteiro,
destoam em parte das informações registradas desde o século XIX. Quatro virgens
já teriam sido devoradas pelo monstro, o que indica um ciclo completo da Lua (o
Cabeça de Cuia só ataca à noite). A ligação da Lua aos ciclos da água é mais
uma informação arcaica diluída no mito. O número total de virgens remete ao
Setestrelo, o agrupamento de estrelas que os gregos chamavam Plêiades, filhas
de Atlas e Pleione. Formam a cauda da constelação de Touro, e a sua posição no
céu se explica pela perseguição a elas infligida pelo caçador Órion. A carne touro é a alimentação do jovem Crispim,
antes da metamorfose, e é com um osso corredor, parte do fêmur, que ele mata a
mãe. É possível, portanto, que a lenda do Cabeça de Cuia derive de um mito
sideral (o de Órion perseguindo as Plêiades), fundido e refundido através dos
tempos, que encontrou no Piauí, estado de grande tradição na pastorícia, um
reflexo poderoso nas águas de seus mais importantes rios.
Marco Haurélio
Estrofes inicias:
Marco Haurélio
Estrofes inicias:
Eu
peço vossa atenção
Aos
versos que narro aqui,
São
ricas oralidades
Num
conto que recolhi
Junto
ao povo ribeirinho
Das
terras do Piauí.
Nas
margens do Parnaíba,
Rio
de rara beleza,
Sua
paisagem revela
Encantos
da natureza,
Na
voz e crença do povo
O
mito vira certeza.
Poti,
outro grande rio,
De
leito espetacular,
Tem
correnteza serena
Com
o dom de desnudar
Boa
parte dos mistérios
Da
história que vou contar.
Há
no encontro dessas águas,
Além
do deslumbramento,
Na
foz desses dois gigantes
Vê-se
com estranhamento,
Um
monstro representado
Através
de um monumento.
A
arte do monumento
Retrata
o jovem Crispim
Que
a mãe amaldiçoou
Por
um presságio ruim,
Como Cabeça de Cuia,
Foi
este seu triste fim.
Diz
a lenda que Crispim,
Depois
que seu pai morreu,
Morava
só com a mãe,
Da
pesca sobreviveu,
Pois
era o ofício do pai
E
o único que ele aprendeu.
(...)
Suas últimas palavras
Ela
proferiu assim:
—
Por agir de forma rude,
Sem
piedade de mim,
O
seu futuro terá
A
maldição como fim!
Como era já meio-dia,
Os anjos disseram amém!
Uma peitica cantou,
Logo em seguida um vem-vem...
Depois um rasga-mortalha
Marcou presença também.
Com o seu trinar sombrio
Um vento forte adentrou
Através de uma janela
E um mau-agouro lançou,
Até o seu santo de guarda
Caiu no chão e quebrou.
Contato com o autor:
terça-feira, 1 de agosto de 2017
A HISTÓRIA DO BOI ENCANTADO
Apresentação
A HISTÓRIA DO BOI ENCANTADO, poema em cordel de autoria de
Pedro Monteiro, inspirado na fábula africana O TAUMATURGO DAS PLANÍCIES[1] é mais uma iniciativa de
resgate do patrimônio cultural africano a ser popularizado na linguagem do
cordel.
As
recentes conquistas do movimento negro, incluindo suas demandas históricas na
agenda das Políticas Públicas Brasileiras, resultaram na construção de um vasto
marco legal que vai desde a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial às
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Etnorraciais.
Com isso, rompe-se o etnocentrismo europeu que caracterizou nossa
historiografia, silenciando a rica contribuição da história e cultura africana
na formação social brasileira. O trabalho ora editado se inscreve, portanto, no
fértil terreno da literatura, trazendo uma fábula, que embora aos leitores
atuais não deixe passar despercebido valores questionáveis no que se refere à
desigualdade de gênero, tem por foco a temática da ancestralidade, ou
seja, a importância de se cultivar as raízes culturais que constituem a
identidade de um povo.
No texto, os protagonistas tomam decisões que desdenham da
tradição e afrontam os laços familiares, no que resulta em grandes aflições
para todos e no auto-aniquilamento da comunidade. Ainda que constituída de um
rico pluralismo cultural, de variadas crenças, costumes, condições geográficas,
línguas etc., a cultura africana tem na reverência as suas linhagens
ancestrais, manifesta nas práticas de transmissão cultural oral pelos Griots, os mais velhos representantes da
sociedade, um elemento comum e decisivo para a construção de uma matriz
cultural que é o sustentáculo de diferentes formas de organização social no
continente. A noção de Ubuntu, princípio filosófico central da cosmovisão de
inúmeras sociedades africanas, é a régua e o compasso da ética de construção da
vida coletiva, assentada no reconhecimento da interdependência do Eu e do Outro
e que pode ser traduzida pela expressão: Eu
só existo porque nós existimos. É ao que nos remete a conflitiva e mal
sucedida tentativa dos protagonistas de romper com as crenças da sua tradição
cultural, ameaçando, com isso, toda a comunidade, conforme havia sido anunciado
pelos mais velhos.
Vê-se que o senso de pertencimento implica em alimentar o que
está na base da crença daquilo que dá sentido à coletividade e que está em
estreita relação com as forças da natureza, nas suas complexas formas do
visível e do invisível. Na nossa
história, também temos a experiência de formação de comunidades, como as quilombolas,
centradas na ideia de ancestralidade, equidade e autossustentabilidade.
Neste sentido, o texto, em suas diferentes versões,
oportuniza o diálogo com as matrizes culturais de nossa formação social.
Saudemos a memória dos nossos ancestrais, que da tradição
oral, passando pelas páginas impressas da Coleção: Maravilhas do Conto Universal, chega às belas rimas do
poeta Pedro Monteiro, um convite a outras leituras.
Dra. Fátima Vasconcelos
(PPG em Educação Brasileira — UFC)
[1] Fonte: Fernando Correia da Silva (org.) Maravilhas do conto popular, São Paulo: Cultrix, 1959. Introdução, seleção, notas e traduções de Nair Lacerda. Coleção: Maravilhas do Conto Universal.
Estrofes inicias:
Em
narrativa poética
De
rosto cordeliano,
Igual
à chuva que cai,
Formando
o grande oceano,
Eu
lhes trago interação
Pela
presente versão
De
um belo conto africano.
Recolhido
em Moçambique,
Terras
de domínio banto,
Difuso
na oralidade
Criou
magia e encanto
À
luz daquela cultura,
Com
firmeza de postura,
Na
alegria ou no pranto!
Tem
magia, imprudência,
Turrice
entre pai e filho,
É
uma fábula antiga
Que
nunca perdeu o brilho,
Por
uma intrincada teia,
Revela
o fim de uma aldeia
Pela
morte de um novilho.
Essa
instigante história
Pertence
ao povo ba-ronga,
Que
habita a costa sudeste
E
fala língua xironga,
Apelidada
landim,
E
ela chegou até mim,
Vencendo
jornada longa.
Era
uma vez um casal
Singelo,
porém feliz,
Com
um belo par de filhos
E
como o costume diz:
O
rapaz será o herdeiro,
Se
a moça casar primeiro,
Pronta
para ser matriz.
Ao
arranjarem pra ela
Um
rendoso casamento.
Quando
recebeu o dote,
Que
chegou num bom momento,
Seu
irmão já o aguardava,
Pois
sua hora chegava
Do
mesmo acontecimento.
—
Você já pode casar-se! —
Disse
o pai para o seu filho:
—
Use os recursos do dote,
Parte
da safra de milho;
Invoque
o bom criador
E
seja merecedor
De
um futuro com mais brilho.
Mas
para isso é preciso
Ligeiro
encontrar alguém,
Que
a sorte lhe seja farta
Terei
que rogar, também,
Que
o deus Ifá o proteja
E
a sua escolhida seja
Filha
de gente de bem!
O
rapaz lhe respondeu:
—
Sairei para encontrar
A
bela moça com quem
Haverei
de me casar.
Sei
que por aqui não tem,
Por
isso mesmo, convém
Procurar
noutro lugar.
O
velho disse: — Meu filho,
O
homem, para ter sorte,
Tem
de ter ouvidos bons,
Não
lhe bastando ser forte;
Por
que ir à terra alheia,
Se
aqui em nossa aldeia
Você
encontra consorte?
O
rapaz disse: — Meu pai,
Por
este conselho seu,
Eu
não darei nem um passo,
Pois
a mim não convenceu.
Seja
bonita ou feinha,
A
mulher que será minha,
Quem
escolherá sou eu!
Contato com o autor:
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