quinta-feira, 15 de junho de 2017

OS DOIS IRMÃOS — A história de Anepu e Batau

























Senhoras e senhores e demais público! É com muita alegria que anuncio o mais recente rebento da minha modesta lavra, Os dois Irmãos — A História de Anepu e Batau! A obra tem por base um conto Egípcio escrito em papiro e descoberto em 1852, no museu da Inglaterra. O papiro está assinado pelo escriba Anana, período da 19ª dinastia dos Faraós (1200 a.C.).
Aqui narrado em 73 estrofes setilha de Cordel, com ilustração de Nireuda Longobardi e publicado pela Edicon.  Abaixo, as estrofes inicias:

Nos alinhavos dos versos
Teço na mente um sarau.
No seio da realeza,
Gesta de primeiro grau,
Clareio a minha memória
Para narrar a história
De Anepu e Batau.

História que foi contada
Para o príncipe herdeiro,
De nome Seti Mernefta,
Na sucessão o primeiro.
Miamum, o seu genitor,
Anana, o preceptor,
E razão deste roteiro.

Há mais de trinta e dois séculos,
Como um bom educador,
Anana contava história
Para o pequeno senhor,
O primeiro na fileira,
Do Egito, nação guerreira,
Seu futuro imperador.

Dos personagens narrados
Aqui em versos, por mim,
Uma mulher enfeitiça
O seu cunhado e, por fim,
Com ódio e paixão teimosa
Numa trama curiosa,
Cujo começo é assim:

— Eram dois irmãos unidos,
Sendo o Anepu casado.
Batau, mais jovem e solteiro,
Pela cunhada, tentado
Com afã nada indiscreto,
Porém ele agiu correto,
Neste dilema narrado.

(...)

Batau ficou assustado
Temendo a situação,
Ao perceber o intento
Da mulher do seu irmão,
Com um olhar diferente,
Como se fosse corrente
Atando seu coração.

Expondo maldosamente
O seu corpo escultural,
Embelezando os cabelos
Com destreza sensual.
De forma desinibida,
Ela o abraça e convida
A um ato de amor carnal.

Contatos com o autor:

quarta-feira, 14 de junho de 2017

SÃO PAULO EM CORDEL















Uma publicação da Editora IMEPH, com apresentação do poeta Rouxinol do Rinaré. Um coletivo de treze poetas compõe esta obra, sobre quatorze pontos históricos da nossa São Paulo, terras de Piratininga. 


Da antiga Piratininga,
De épocas já bem distantes,
Nasceu a nossa São Paulo,
Cidade dos bandeirantes,
De cultura heterogênea
Formada por imigrantes.

Estes versos de cordel
Servirão como memória.
Registrando os patrimônios,
Sua exuberante glória
viva em cada monumento,
Como um pedaço da história.

Mostraremos os lugares,
A tradição que perdura,
Suas atrações turísticas,
Sua bela arquitetura,
Os museus, prédios históricos
E a sua vasta cultura.

A minha participação foi sobre o SAMBÓDROMO - Polo Esportivo e Cultural Grande Otelo.

Veja algumas estrofes:

O Sambódromo de São Paulo,
Espaço de diversão.
Mês de maio, ano noventa,
Principia a construção.
E no Carnaval seguinte
Entregue à população.

A obra, para os sambistas,
Causou brilho na retina,
Pois era reivindicada
Junta a prefeita Erundina,
Mas só após breve estudo,
Ela acata e determina.

Oscar Niemeyer compôs,
À luz da sabedoria,
Num desenho arquitetônico,
Exprimindo galhardia,
Um palco carnavalesco
Cheio de encanto e poesia!

(...)

O Sambódromo tem um rosto
Sublime, monumental,
Valioso patrimônio
Artístico e cultural,
Além de representar
Um belo cartão postal.

Contatos com o autor:
(11) 99135-1919 - tim







sábado, 10 de junho de 2017

JOSÉ e MARINA















































Pedro Monteiro, cordelista piauiense de Campo Maior, radicado em São Paulo, ativista do movimento sociocultural, lança mais um folheto pela EDICON Editora, com ilustração de Nireuda Longobardi e diagramação de Josué Gonçalves.

Abaixo, as estrofes que abrem o folheto: 

O saber é porta aberta
Ante a cerca social;
Sociedade moderna
Só vê referencial
Em quem tem conhecimento
E notório suplemento,
Na parte intelectual.

Alguém que ainda não faz
Das letras combinação,
Aplicando dia a dia
Sua comunicação;
Não vê o mundo real,
Tem seu olhar desigual
Por falta de interação.

O letramento é o sal
Da mente desenvolvida,
Rompendo nó e os estorvos
Acumulados na vida;
Faz um novo alvorecer,
Para quem desejar ter
Essa cegueira abolida.

E por isso é recomendável
Para jovem ou o adulto,
Se ainda analfabeto,
Considerado um inculto,
A EJA é a melhor saída,
O carimbo que valida
Desta sentença, o indulto.

Vamos falar de José
Nascido em berço pacato,
Exemplo em superação,
Mas sem perder seu recato.
Dos guardados da memória,
Quero contar sua história
Narrando ato por ato.
(...)
Sobrevivente da seca
Que tanto traz aflição,
Especialmente ao pobre
Que vive da plantação.
Pois via o açude secar
E nenhuma gota pingar
Para molhar o seu chão.

Dedicar-se ao trabalho
Era o costume dali,
Um lugarejo rural
Perto de Piripiri,
Mais um produtor minguado
Cultivando o seu roçado
No Estado do Piauí.



sexta-feira, 9 de junho de 2017

A LENDA DO PEIXE DOURADO


APRESENTAÇÃO

A história do Peixe de Ouro, fazedor de milagres, é mais abrangente do que se pensa, e integra muitas coletâneas de contos tradicionais, incluindo os Marchen dos Irmãos Grimm. No catálogo internacional do conto popular, é classificado como ATU 555The Fisher and his Wife (O pescador e sua mulher), com variantes e versões em inúmeros países. Adverte para os riscos e consequências da ambição desmedida, sendo, ao mesmo tempo, um conto maravilhoso e uma história exemplar. O peixe aparentemente indefeso do início da história mostra-se um auxiliar mágico poderoso, mal disfarçando o exercício de um poder de deidade, recompensando e punindo quando a ganância torna-se sacrilégio. Impossível não recordar o peixe divinizado de várias culturas e épocas (elamita, bramânica, budista, babilônica) e que, por fim, tornou-se símbolo e emblema do cristianismo.
Talvez seja um resquício do culto o deus sumério Oannes, corpo de peixe e cabeça e pés humanos, reminiscência de outro deus sumério Abgallu, divindade civilizadora enviada por Ea. Adorado em muitas cidades, sua iconografia pode ter inspirado o pitoresco conto bíblico do profeta Jonas engolido e depois regurgitado por um grande “peixe”. Em Nínive, cidade assíria para onde Jonas teria sido enviado por Deus, o deus Dagon pontificava. Dag, em hebraico, é peixe. Serviu, certamente, de inspiração para o episódio mitológico grego no qual Apolo, metamorfoseado em delfim, transmite ensinamentos aos homens. E Jonas (Yonah em hebraico, Joannes em grego) parece ser uma versão tardia do mito civilizador de Oannes reaproveitado em uma história exemplar.
Um arquétipo tão poderoso quanto o do peixe mágico, em mais uma história de recompensa e punição, fatalmente seria levado ao prelo por um autor de cordel. E a tarefa coube a um poeta que tem nome de pescador, Pedro, e sobrenome de caçador, Monteiro, que foi buscar o enredo na versão coligida por Nair Lacerda, no livro Maravilhas do conto popular.


                                                                                        Marco Haurélio


Pedro Monteiro, é cordelista piauiense radicado em São Paulo, ativista do movimento cultural e social.
Obra publicada pela Editora Tupynanquim, com diagramação, capa e Ilustração, de Klévisson Viana.

Abaixo, as estrofes que abrem o folheto:
 

Se avareza é um pecado,
Ganância é muito pior.
Sorte de quem nunca esquece
De olhar ao seu redor,
Apreciando a beleza,
Que nutre a delicadeza
E faz um mundo melhor!

Tem gente que na pobreza
Até lhe estende a mão,
Mas se lhes derem poderes
Endurece o coração,
Cobiçando o impossível,
De jeito irreconhecível
Na pratica da opressão.

A narrativa que segue
Faz um ligeiro recorte,
De quem, com muita arrogância,
Dedo em riste e braço forte,
Viu seu império ruir
E em águas fundas sumir
Sua reserva de sorte.  

Um pobre casal de idosos
Que habitava uma ilha,
Dividia uma cabana
Num exemplo de partilha;
Até surgir alvoroço,
De a mulher pôr o pescoço
Na sua própria armadilha.

Era a ilha de Buián,
Rússia, país fascinante,
Com a cabana fincada
Na floresta verdejante,
Pela vista parecia,
Ela por dentro seria
Um espaço aconchegante.

(...)

Um dia de manhãzinha
O velho estava a pescar,
Sentiu um repuxo na rede
Seguido de um murmurar:
— Vovô, não faças maldade,
Tenhas de mim piedade,
E devolvas-me ao mar.

Contato com o autor:
(11) 99135-1919 - WhatsApp 

quinta-feira, 8 de junho de 2017

CORDEL CANTA CAYMMI

Esta postagem é uma reprodução do Blog do poeta Marco Haurélio — CORDEL ATEMPORAL




















Graças a Juliana Gobbe, poeta, ativista e agitadora cultural, o centenário de Caymmi não passou em branco no meio cordelístico. Cinco autores de cordel foram convidados para participar de um projeto que, entre outras coisas, incluí a criação de um livro digital sobre o cantor e compositor baiano, nascido em 1914. O livro, lançado em um evento em homenagem ao músico, ocorrido em Atibaia (SP), no dia 12 de dezembro, foi apresentado pelo celebrado escritor e jornalista Audálio Dantas, idealizador da memorável exposição 100 Anos de Cordel, de 2001.

Abaixo, alguns trechos do livro que contou com projeto gráfico de Daniel Caribé. A versão completa pode ser acessada AQUI.

Acontece que eu (também) sou baiano
Autor: Marco Haurélio

Eu, que nasci na Bahia,
Não sei de onde você é,
Mas o que sei é que sou
Devoto de São José,
E no mês de março sempre
Mostro ao mundo minha fé.

Mas a minha devoção
Em mais de uma crença está,
Pois, a dois de fevereiro,
Preparo meu samburá
E me mostro agradecido
À rainha Iemanjá.

E quando a minha jangada
Ia bem longe do cais,
Deixava meu bem-querer,
Entre lamentos e ais,
Pois quem vai para o alto mar
Pode até não voltar mais.

O fato é que eu retornava,
Pois era essa minha sina,
Mas muitos por lá ficaram,
Sem ver mais Amaralina,
E terminaram no leito
Verde-azul de Janaína.

Já fui à Maracangalha,
Com Anália e até sem ela,
Trajando uniforme branco
Com uma flor na lapela,
Porém sempre retornava
Aos braços da minha bela.

(...)

Assim nasceu João Valentão
Autor: João Gomes de Sá

Diziam as boas línguas
Que ele era homem um decente,
Trabalhador responsável,
Até muito paciente.
Conhecido na Ribeira
Por jogar bem capoeira
Junto com a sua gente.

Seu trabalho era nas docas,
Carregando caminhão,
Com fardos de mercadorias:
— Café, cacau e feijão.
No dia a dia, na lida,
Andava feliz da vida
Com sua profissão.

Desde cedo, inda menino,
Aprendera a dedilhar
Um violão que ganhou
Do seu avô Ribamar.
E nos finais de semana
Entornava sua “cana”
E desabava a cantar.

E daí foi só um pulo,
Tornou-se compositor;
Compôs verso e fez canção —
Era um boêmio-cantor.
Foi nos botecos do porto
Que descobriu seu conforto,
O seu verdadeiro amor.

(...)

Dorival Caymmi, eterno ‘Canoeiro’
Autor: Moreira de Acopiara

No meu tempo de menino
O meu prazer era tanto!...
Mamãe me contava histórias
De pescaria e de espanto,
Mas na hora de dormir
Sempre tinha um acalanto.

Eram muitas as canções
Que ela sabia cantar:
‘Marina’, ‘Maracangalha’,
‘É doce morrer no mar’,
‘Meu eu’, ‘Boi da cara preta’
E outras canções de ninar.

‘Saudade de Itapoã’
Ela cantava também,
Assim como ‘Anjo da noite’,
‘O que é que a baiana tem?’,
‘O vento’, ‘Só louco’... ‘O mar’
Ela interpretava bem.

E ainda cantarolava
‘Suíte dos pescadores’.
Cantando assim, minha mãe
Aplacava minhas dores.
Com ‘Samba da minha terra’
Me mostrava novas cores.

Tudo isso ela cantava
Do modo mais natural.
Gostava de outras canções,
Mas nutria especial
Paixão pelas melodias
Do baiano Dorival.

(...)

Vatapá na MPB
Autor: Pedro Monteiro

Sobre Dorival Caymmi
Em versos quero narrar
A sua chegada ao mundo
Feito canção de ninar.
Como uma dádiva de amor,
A bela São Salvador
Viu esse filho chegar.

A Divina Providência,
Nessa expressão de alegria,
Harmonizando a cantata,
Composta com maestria,
Consultou o calendário
E o pôs num lindo cenário
Na capital da Bahia.

A música na sua vida,
Adensada ano a ano,
Das cordas de um bandolim,
Aos teclados de um piano,
Do violão, baluarte,
Abraçado pela arte
No seio cotidiano.

Ouvindo muitas cantigas
E contos que vêm do povo,
Num desenrolar de curvas,
Em busca de um tempo novo,
Ele deixou Salvador,
Era um jovem sonhador
Quebrando a casca do ovo!

Pegou o Ita no Norte
E foi pra o Rio morar.
Buscando espaço no rádio,
Aprimorou o seu cantar;
Vencendo muitas barreiras,
Com suas canções praieiras,
Fazendo louvor ao mar!

(...)

365 igrejas
Autor: Arievaldo Vianna

Todo baiano é devoto
Reza o dito popular
Num sagrado sincretismo
Aonde pode juntar
Santos da Igreja Cristã
Com Oxum, Ogum, Nanã
Para os reverenciar.

E desse modo, a rezar
Dos mais distantes recantos
Vai compondo as orações
Seus louvores e seus cantos
Repletos de poesia
Pois afinal, a Bahia
Adora todos os santos.

Mestre Dorival Caymmi         
Notável compositor
Cantou a faina praieira
E os encantos do amor
Nessas canções e pelejas
Falou também das Igrejas
Que existem em São Salvador.

São trezentos e sessenta
E cinco, que alegria,
As igrejas que existem
No Estado da Bahia
Tem igreja em todo canto
Uma para cada santo
E um santo pra cada dia.

(...)

Contato com o autor:
(11) 99135-1919 - tim
@pedrocordel

terça-feira, 6 de junho de 2017

A VOLTA AO MUNDO EM OITENTA DIAS, VERSÃO EM CORDEL (Coleção clássicos em cordel).


Meus amigos, triunfar seguindo os passos de Fileas Fogg, foi também para mim uma grande conquista. E isso só foi possível, graças as valorosas companhias de Maércio Lopes, Marco Haurélio e da Editora Nova Alexandria.
Veja agora o que disse o editor, coordenador da coleção e apresentador da obra, poeta Marco Haurélio.


Amigos, é com muita satisfação que comunico a publicação de mais um título da coleção Clássicos em Cordel, da Editora Nova Alexandria. O autor é Pedro Monteiro e o título por ele revisitado é A Volta ao Mundo em Oitenta Dias, de Júlio Verne. Além disso, depois de muito tempo, voltei a assinar uma apresentação da coleção que coordeno desde 2007. As ilustrações em xilogravura, geniais, são de Maércio Lopes. Aguardem, para breve, o lançamento. Mas, antes, fiquem com as estrofes de abertura:

Da obra de Júlio Verne
Serei fiel ao roteiro,
Nos passos de Fileas Fogg
O notável cavalheiro,
Reescrevendo a história
Deste grande aventureiro.

Contarei sua façanha
Narrada aqui em cordel.
Assim, pretendo fazer
O meu relato fiel,
Esperando que ele tenha
Um relevante papel.

(...)

Contato com o autor:
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ARTE E CULTURA

FLOR AMARELA

Brilho da flor amarela, num cenário multicor, a paisagem na janela sugere versos de amor.                          PedrO M.