segunda-feira, 4 de junho de 2018
DENUNCIAR SEMPRE
Denunciar, prevenir
não é deixar desandar,
más fortemente abraçar
ações de um novo porvir.
Para a justiça punir
qualquer tipo de agressão,
sem engodo ou restrição,
porque quem ama não mata,
nem agride, nem maltrata —
É essa a grande questão!
quarta-feira, 30 de maio de 2018
CHICO TROPEIRO
Chico
Tropeiro é um homem
que tem amor pela lida!
Um semeador de sonhos
pelas estradas da vida,
levando paz na algibeira
e a saudade matadeira
da sua terra querida.
que tem amor pela lida!
Um semeador de sonhos
pelas estradas da vida,
levando paz na algibeira
e a saudade matadeira
da sua terra querida.
quinta-feira, 24 de agosto de 2017
A LENDA DO CABEÇA DE CUIA
O Cabeça de Cuia, assombração que
habita sob os leitos dos rios Parnaíba e Poti, no Piauí, chamou, desde cedo, a
atenção dos folcloristas, a começar pelo baiano Alfredo do Vale Cabral, que assim
o descreve: “É alto, magro, de grande cabelo que lhe cai pela testa e quando
nada o sacode, faz suas excursões na enchente do rio e poucas vezes durante a
seca. Come de 7 em 7 anos uma moça chamada Maria; às vezes porém devora os
meninos quando nadam no rio, e as mães proíbem que seus filhos aí se
banhem”. (Achegas ao estudo do folclore brasileiro, 1884). A penitência,
nascida de uma praga da mãe, duraria 49 anos. Luís da Câmara Cascudo, em Geografia dos mitos brasileiros (1948),
atribui à lenda uma origem branca. O episódio da maldição materna aparece em
lendas semelhantes, de visível cariz religioso, a exemplo do Corpo-seco, que
assombra, sem descanso, o interior paulista.
Às observações dos mestres do
Folclore é preciso acrescentar, porém, uma hipótese. O formato de cuia, símbolo da maldição, é o mesmo da
Lua. O número 7, que, segundo Câmara Cascudo, “a Cabala da Babilônia julgava
misterioso e sinistro”, remete aos dias da semana e aos ciclos lunares. As mais
recentes pesquisas, como a feita pelo autor deste folheto, Pedro Monteiro,
destoam em parte das informações registradas desde o século XIX. Quatro virgens
já teriam sido devoradas pelo monstro, o que indica um ciclo completo da Lua (o
Cabeça de Cuia só ataca à noite). A ligação da Lua aos ciclos da água é mais
uma informação arcaica diluída no mito. O número total de virgens remete ao
Setestrelo, o agrupamento de estrelas que os gregos chamavam Plêiades, filhas
de Atlas e Pleione. Formam a cauda da constelação de Touro, e a sua posição no
céu se explica pela perseguição a elas infligida pelo caçador Órion. A carne touro é a alimentação do jovem Crispim,
antes da metamorfose, e é com um osso corredor, parte do fêmur, que ele mata a
mãe. É possível, portanto, que a lenda do Cabeça de Cuia derive de um mito
sideral (o de Órion perseguindo as Plêiades), fundido e refundido através dos
tempos, que encontrou no Piauí, estado de grande tradição na pastorícia, um
reflexo poderoso nas águas de seus mais importantes rios.
Marco Haurélio
Estrofes inicias:
Marco Haurélio
Estrofes inicias:
Eu
peço vossa atenção
Aos
versos que narro aqui,
São
ricas oralidades
Num
conto que recolhi
Junto
ao povo ribeirinho
Das
terras do Piauí.
Nas
margens do Parnaíba,
Rio
de rara beleza,
Sua
paisagem revela
Encantos
da natureza,
Na
voz e crença do povo
O
mito vira certeza.
Poti,
outro grande rio,
De
leito espetacular,
Tem
correnteza serena
Com
o dom de desnudar
Boa
parte dos mistérios
Da
história que vou contar.
Há
no encontro dessas águas,
Além
do deslumbramento,
Na
foz desses dois gigantes
Vê-se
com estranhamento,
Um
monstro representado
Através
de um monumento.
A
arte do monumento
Retrata
o jovem Crispim
Que
a mãe amaldiçoou
Por
um presságio ruim,
Como Cabeça de Cuia,
Foi
este seu triste fim.
Diz
a lenda que Crispim,
Depois
que seu pai morreu,
Morava
só com a mãe,
Da
pesca sobreviveu,
Pois
era o ofício do pai
E
o único que ele aprendeu.
(...)
Suas últimas palavras
Ela
proferiu assim:
—
Por agir de forma rude,
Sem
piedade de mim,
O
seu futuro terá
A
maldição como fim!
Como era já meio-dia,
Os anjos disseram amém!
Uma peitica cantou,
Logo em seguida um vem-vem...
Depois um rasga-mortalha
Marcou presença também.
Com o seu trinar sombrio
Um vento forte adentrou
Através de uma janela
E um mau-agouro lançou,
Até o seu santo de guarda
Caiu no chão e quebrou.
Contato com o autor:
terça-feira, 1 de agosto de 2017
A HISTÓRIA DO BOI ENCANTADO
Apresentação
A HISTÓRIA DO BOI ENCANTADO, poema em cordel de autoria de
Pedro Monteiro, inspirado na fábula africana O TAUMATURGO DAS PLANÍCIES[1] é mais uma iniciativa de
resgate do patrimônio cultural africano a ser popularizado na linguagem do
cordel.
As
recentes conquistas do movimento negro, incluindo suas demandas históricas na
agenda das Políticas Públicas Brasileiras, resultaram na construção de um vasto
marco legal que vai desde a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial às
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Etnorraciais.
Com isso, rompe-se o etnocentrismo europeu que caracterizou nossa
historiografia, silenciando a rica contribuição da história e cultura africana
na formação social brasileira. O trabalho ora editado se inscreve, portanto, no
fértil terreno da literatura, trazendo uma fábula, que embora aos leitores
atuais não deixe passar despercebido valores questionáveis no que se refere à
desigualdade de gênero, tem por foco a temática da ancestralidade, ou
seja, a importância de se cultivar as raízes culturais que constituem a
identidade de um povo.
No texto, os protagonistas tomam decisões que desdenham da
tradição e afrontam os laços familiares, no que resulta em grandes aflições
para todos e no auto-aniquilamento da comunidade. Ainda que constituída de um
rico pluralismo cultural, de variadas crenças, costumes, condições geográficas,
línguas etc., a cultura africana tem na reverência as suas linhagens
ancestrais, manifesta nas práticas de transmissão cultural oral pelos Griots, os mais velhos representantes da
sociedade, um elemento comum e decisivo para a construção de uma matriz
cultural que é o sustentáculo de diferentes formas de organização social no
continente. A noção de Ubuntu, princípio filosófico central da cosmovisão de
inúmeras sociedades africanas, é a régua e o compasso da ética de construção da
vida coletiva, assentada no reconhecimento da interdependência do Eu e do Outro
e que pode ser traduzida pela expressão: Eu
só existo porque nós existimos. É ao que nos remete a conflitiva e mal
sucedida tentativa dos protagonistas de romper com as crenças da sua tradição
cultural, ameaçando, com isso, toda a comunidade, conforme havia sido anunciado
pelos mais velhos.
Vê-se que o senso de pertencimento implica em alimentar o que
está na base da crença daquilo que dá sentido à coletividade e que está em
estreita relação com as forças da natureza, nas suas complexas formas do
visível e do invisível. Na nossa
história, também temos a experiência de formação de comunidades, como as quilombolas,
centradas na ideia de ancestralidade, equidade e autossustentabilidade.
Neste sentido, o texto, em suas diferentes versões,
oportuniza o diálogo com as matrizes culturais de nossa formação social.
Saudemos a memória dos nossos ancestrais, que da tradição
oral, passando pelas páginas impressas da Coleção: Maravilhas do Conto Universal, chega às belas rimas do
poeta Pedro Monteiro, um convite a outras leituras.
Dra. Fátima Vasconcelos
(PPG em Educação Brasileira — UFC)
[1] Fonte: Fernando Correia da Silva (org.) Maravilhas do conto popular, São Paulo: Cultrix, 1959. Introdução, seleção, notas e traduções de Nair Lacerda. Coleção: Maravilhas do Conto Universal.
Estrofes inicias:
Em
narrativa poética
De
rosto cordeliano,
Igual
à chuva que cai,
Formando
o grande oceano,
Eu
lhes trago interação
Pela
presente versão
De
um belo conto africano.
Recolhido
em Moçambique,
Terras
de domínio banto,
Difuso
na oralidade
Criou
magia e encanto
À
luz daquela cultura,
Com
firmeza de postura,
Na
alegria ou no pranto!
Tem
magia, imprudência,
Turrice
entre pai e filho,
É
uma fábula antiga
Que
nunca perdeu o brilho,
Por
uma intrincada teia,
Revela
o fim de uma aldeia
Pela
morte de um novilho.
Essa
instigante história
Pertence
ao povo ba-ronga,
Que
habita a costa sudeste
E
fala língua xironga,
Apelidada
landim,
E
ela chegou até mim,
Vencendo
jornada longa.
Era
uma vez um casal
Singelo,
porém feliz,
Com
um belo par de filhos
E
como o costume diz:
O
rapaz será o herdeiro,
Se
a moça casar primeiro,
Pronta
para ser matriz.
Ao
arranjarem pra ela
Um
rendoso casamento.
Quando
recebeu o dote,
Que
chegou num bom momento,
Seu
irmão já o aguardava,
Pois
sua hora chegava
Do
mesmo acontecimento.
—
Você já pode casar-se! —
Disse
o pai para o seu filho:
—
Use os recursos do dote,
Parte
da safra de milho;
Invoque
o bom criador
E
seja merecedor
De
um futuro com mais brilho.
Mas
para isso é preciso
Ligeiro
encontrar alguém,
Que
a sorte lhe seja farta
Terei
que rogar, também,
Que
o deus Ifá o proteja
E
a sua escolhida seja
Filha
de gente de bem!
O
rapaz lhe respondeu:
—
Sairei para encontrar
A
bela moça com quem
Haverei
de me casar.
Sei
que por aqui não tem,
Por
isso mesmo, convém
Procurar
noutro lugar.
O
velho disse: — Meu filho,
O
homem, para ter sorte,
Tem
de ter ouvidos bons,
Não
lhe bastando ser forte;
Por
que ir à terra alheia,
Se
aqui em nossa aldeia
Você
encontra consorte?
O
rapaz disse: — Meu pai,
Por
este conselho seu,
Eu
não darei nem um passo,
Pois
a mim não convenceu.
Seja
bonita ou feinha,
A
mulher que será minha,
Quem
escolherá sou eu!
Contato com o autor:
(11) 99135-1919 - tim
(11) 99135-1919 - tim
quinta-feira, 15 de junho de 2017
OS DOIS IRMÃOS — A história de Anepu e Batau
Senhoras e senhores e demais público! É com muita alegria que anuncio o mais recente rebento da minha modesta lavra, Os dois Irmãos — A História de Anepu e Batau! A obra tem por base um conto Egípcio escrito em papiro e descoberto em 1852, no museu da Inglaterra. O papiro está assinado pelo escriba Anana, período da 19ª dinastia dos Faraós (1200 a.C.).
Aqui narrado em 73
estrofes setilha de Cordel, com ilustração de Nireuda Longobardi e publicado pela Edicon. Abaixo, as estrofes inicias:
Nos
alinhavos dos versos
Teço na
mente um sarau.
No seio
da realeza,
Gesta de
primeiro grau,
Clareio a
minha memória
Para
narrar a história
De Anepu
e Batau.
História
que foi contada
Para o
príncipe herdeiro,
De nome
Seti Mernefta,
Na
sucessão o primeiro.
Miamum, o
seu genitor,
Anana, o
preceptor,
E razão
deste roteiro.
Há mais
de trinta e dois séculos,
Como um
bom educador,
Anana
contava história
Para o
pequeno senhor,
O
primeiro na fileira,
Do Egito,
nação guerreira,
Seu
futuro imperador.
Dos
personagens narrados
Aqui em
versos, por mim,
Uma
mulher enfeitiça
O seu
cunhado e, por fim,
Com ódio
e paixão teimosa
Numa trama
curiosa,
Cujo
começo é assim:
— Eram
dois irmãos unidos,
Sendo o
Anepu casado.
Batau,
mais jovem e solteiro,
Pela
cunhada, tentado
Com afã
nada indiscreto,
Porém ele
agiu correto,
Neste
dilema narrado.
(...)
Batau ficou assustado
Temendo a situação,
Ao perceber o intento
Da mulher do seu irmão,
Com um olhar diferente,
Como se fosse corrente
Atando seu coração.
Expondo maldosamente
O seu corpo escultural,
Embelezando os cabelos
Com destreza sensual.
De forma desinibida,
Ela o abraça e convida
A um ato de amor carnal.
Contatos com o autor:
quarta-feira, 14 de junho de 2017
SÃO PAULO EM CORDEL
Uma publicação da Editora IMEPH, com apresentação do poeta Rouxinol do Rinaré. Um coletivo de treze poetas compõe esta obra, sobre quatorze pontos históricos da nossa São Paulo, terras de Piratininga.
Da antiga Piratininga,
De épocas já bem distantes,
Nasceu a nossa São Paulo,
Cidade dos bandeirantes,
De cultura heterogênea
Formada por imigrantes.
Estes versos de cordel
Servirão como memória.
Registrando os patrimônios,
Sua exuberante glória
viva em cada monumento,
Como um pedaço da história.
Mostraremos os lugares,
A tradição que perdura,
Suas atrações turísticas,
Sua bela arquitetura,
Os museus, prédios históricos
E a sua vasta cultura.
A minha participação foi sobre o SAMBÓDROMO - Polo Esportivo e
Cultural Grande Otelo.
Veja algumas estrofes:
O Sambódromo de São Paulo,
Espaço de diversão.
Mês de maio, ano noventa,
Principia a construção.
E no Carnaval seguinte
Entregue à população.
A obra, para os sambistas,
Causou brilho na retina,
Pois era reivindicada
Junta a prefeita Erundina,
Mas só após breve estudo,
Ela acata e determina.
Oscar Niemeyer compôs,
À luz da sabedoria,
Num desenho arquitetônico,
Exprimindo galhardia,
Um palco carnavalesco
Cheio de encanto e poesia!
(...)
O Sambódromo tem um rosto
Sublime, monumental,
Valioso patrimônio
Artístico e cultural,
Além de representar
Um belo cartão postal.
Contatos com o autor:
(11) 99135-1919 - timsábado, 10 de junho de 2017
JOSÉ e MARINA
Pedro Monteiro, cordelista piauiense de Campo Maior, radicado em São Paulo, ativista do movimento sociocultural, lança mais um folheto pela EDICON Editora, com ilustração de Nireuda Longobardi e diagramação de Josué Gonçalves.
Abaixo, as estrofes que abrem o folheto:
O saber é porta aberta
Ante a cerca social;
Sociedade moderna
Só vê referencial
Em quem tem conhecimento
E notório suplemento,
Na parte intelectual.
Alguém que ainda não faz
Das letras combinação,
Aplicando dia a dia
Sua comunicação;
Não vê o mundo real,
Tem seu olhar desigual
Por falta de interação.
O letramento é o sal
Da mente desenvolvida,
Rompendo nó e os estorvos
Acumulados na vida;
Faz um novo alvorecer,
Para quem desejar ter
Essa cegueira abolida.
E por isso é recomendável
Para jovem ou o adulto,
Se ainda analfabeto,
Considerado um inculto,
A EJA é a melhor saída,
O carimbo que valida
Desta sentença, o indulto.
Vamos falar de José
Nascido em berço pacato,
Exemplo em superação,
Mas sem perder seu recato.
Dos guardados da memória,
Quero contar sua história
Narrando ato por ato.
(...)
Sobrevivente da seca
Que tanto traz aflição,
Especialmente ao pobre
Que vive da plantação.
Pois via o açude secar
E nenhuma gota pingar
Para molhar o seu chão.
Dedicar-se ao trabalho
Era o costume dali,
Um lugarejo rural
Perto de Piripiri,
Mais um produtor minguado
Cultivando o seu roçado
No Estado do Piauí.
No Estado do Piauí.
Contato com o autor:
(11) 99135-1919 - tim
Assinar:
Postagens (Atom)
ARTE E CULTURA
FLOR AMARELA
Brilho da flor amarela, num cenário multicor, a paisagem na janela sugere versos de amor. PedrO M.

-
Uma publicação da Editora IMEPH, com apresentação do poeta Rouxinol do Rinaré. Um coletivo de treze poetas compõe esta obr...
-
Narrado em cordel por Pedro Monteiro, Xilo de Lucélia Borges e apresentação de Marco Haurélio. Cumade Fulozinha, como todas as criatu...
-
Apresentação O Cabeça de Cuia, assombração que habita sob os leitos dos rios Parnaíba e Poti, no Piauí, chamou, desde cedo, a atenção do...