quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

CASTELO DO PIAUÍ - FORMATURA

Castelo do Piauí



Nesta vida de estradeiro
quando passei por aqui,
reformulei meu roteiro 
nas coisas que vi e ouvi,
memórias dos ancestrais
nos marcos monumentais
das terras do Piauí.

sábado, 30 de novembro de 2019

sábado, 2 de novembro de 2019

SERRA DE SANTO ANTÔNIO



Obra esculpida com arte,
um notável patrimônio,
só uma aprazível parte
da serra de Santo Antônio.

                           PedrO M.

* A Serra de Santo Antônio está localizada no centro norte do estado do Piauí, com área preponderante nos municípios de Campo Maior, Coivaras e Alto Longá.

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

terça-feira, 8 de outubro de 2019

DIA DO NORDESTINO





Um pensamento menor
jamais deve ser aceito,
nosso nordeste é maior
de que qualquer preconceito!
(P.M).


* Esta data homenageia toda a diversidade cultural e folclórica típica da região Nordeste do Brasil, conhecido pela sua musicalidade, culinária, danças, superstições, artesanatos, além das belíssimas paisagens naturais desta rica terra.


SOCORRO LIRÍSSIMA



















Socorro Lira merece
toda consideração,
ela é Maria Bonita
de generosa feição,
tem a voz melodiosa,
em atitude é ditosa
guerreira do meu sertão.


(P.M).

sábado, 28 de setembro de 2019

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

sábado, 24 de agosto de 2019

terça-feira, 30 de julho de 2019

CAJUÍNA EM TERESINA














A cajuína ameniza

humanamente o calor,

é néctar que vitaliza

os doces laços de amor.


Teresina, realeza,

vila do rio Poti,

velho monge, outra beleza

das terras do Piauí.


São rios de braços dados, 

duas vidas de esplendor,

energia dos cerrados

Encantos de beija-flor.


Desvelo da natureza

que faz sorrir e criar

uma ode à sutileza

que habita este meu lugar!


Cajuína em Teresina…

Delícia deste meu chão,

mais o sol que descortina

Belezuras do sertão!


                             PedrO M.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

AMIZADE











A amizade é sublime: 

Assim dizia Platão. 

Viver é correr estradas 

no limite da emoção, 

Cuidando da aceleragem 

sem esquecer a frenagem, 

nem perder a direção. 


                    ✍ PedrO M.

sexta-feira, 21 de junho de 2019

domingo, 26 de maio de 2019

PRISÃO SEM CADEADO



A prisão nem sempre é
com grades e cadeados,
mas de sentimento e até
pelos remorsos guardados!

                            PedrO M.

CRIVOS INVERSOS



Nos alinhavos dos versos
uma certeza me atiça:
Somente os crivos inversos
bordarão nossa justiça!

                             

                   PedrO M.

quarta-feira, 8 de maio de 2019

MÃE TERRA




A flor antecede o fruto,

Numa safra divinal,

Mas não é prova cabal

Da derrocada do bruto,

Tampouco salvo conduto

Para quem é negligente.

Pois só o benevolente

Vai fazer acontecer

E, assim, a mãe terra ser

Jardim da nossa existência!

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

CUMADE FULOZINHA



Narrado em cordel por Pedro Monteiro, Xilo de Lucélia Borges e apresentação de Marco Haurélio.

Cumade Fulozinha, como todas as criaturas mágicas do folclore brasileiro, assume formas variadas a depender da zona em que ocorrem suas aparições. Os seus traços também variam, mas as atribuições como duende fêmea, protetora dos animais selvagens de pequeno porte, punidora dos caçadores vorazes, são praticamente as mesmas em todo canto. Deriva, logicamente, do mito primitivo do Caipora, mas ganhou características próprias ao longo do tempo. Caapora, palavra tupi, significa “habitante da mata” e, por muito tempo, pode ter sido simplesmente uma designação genérica para as aparições informes das matas brasileiras, denunciadas pelo sibilar do vento, pelo estalo de galhos e pelo medo que incutia aos caçadores (Ver Luís da Câmara Cascudo, Geografia dos mitos brasileiros, p. 115). A Caipora fêmea parece ser uma adaptação tardia, assim como a Matinta amazônica, condicionada pela letra a (desinência que, na língua portuguesa, indica o gênero feminino).

A meio caminho entre o Caipora e a Cumade Fulozinha fica a Flor do Mato paraibana, de longa cabeleira loira, apreciadora de fumo mapinguinho, condutora da caça miúda, inimiga feroz dos caçadores impenitentes. Detesta pimenta. Açoita com seus cabelos os caçadores que lhe negam o tributo do fumo ou que abatem mais animais que o necessário à sua subsistência. Os cachorros percebem sua chegada antes de seus donos. Seus assobios desconcertam os caçadores, que ficam “variados”. Pode, como o Saci, matar os profanadores de seus domínios, fazendo-lhes cócegas nos pés por horas seguidas. Chamam-na “cumade” (comadre), estabelecendo-se um vínculo mágico, um pacto, assim como ao Negro d’Água, do rio São Francisco, chamam Compadre d’Água, num misto de medo e respeito. A Zona da Mata pernambucana, encolhida pelo avanço das usinas de cana de açúcar, é o habitat onde há maior registro da presença da Cumade Fulozinha, metamorfose final do informe Caipora, que tanto assombrou os primeiros cronistas europeus.

Pedro Monteiro, poeta piauiense, natural de Campo Maior, traz-nos, em cordel, uma interessante variante a partir de suas memórias de infância e juventude: Fulozinha é uma menina que, perseguindo um beija-flor, perdeu-se nas matas, morreu e virou visagem. Semelhante à concepção do Caipora como alma de “índio pagão”, possivelmente uma esperteza dos catequistas incorporadas pelos supersticiosos. Ela surge num redemoinho, como o Saci, e sua presença sobrenatural, muitas vezes, provoca danos que vão além do pavor que insufla. O sujeito para quem aparece fica “encaiporado”, possuidor de má sorte, pé frio, como dizem hoje em dia. Terá sorte, no entanto, quem ler este folheto de cordel que lança luzes sobre um assunto sempre fascinante e tão pouco explorado pela poesia bárdica do Nordeste.

Marco Haurélio

Estrofes iniciais:

Lembro de contos narrados
Pela minha vovozinha,
Sendo alguns remanescentes
Do tempo da Carochinha.
Nessa mesma trajetória
Ela contava a história
Da Cumade Fulozinha.

Eu só tinha doze anos,
Mas desde os oito, caçava,
Por isso dava atenção
Ao causo que ela contava.
Sempre ali de prontidão
Ouvindo com emoção,
Chega nem pestanejava.
(…).

Fulozinha aos sete anos
Pela astúcia já prendia
A atenção dos adultos,
Pois seu tino possuía
Destreza de liberdade,
Com muita sagacidade
Num mundo de fantasia.

Foi assim que um certo dia,
Por arte de um feito seu,
Ao seguir um beija-flor,
Na floresta se perdeu,
Virou estrela cadente,
Reaparecendo somente
Quando o encanto se deu.

Como espectro, até hoje,
Sua fama é destacada,
Age por toda a floresta,
Mesmo de face envultada,
Sempre promovendo o medo,
Peraltice e arremedo,
Na forma de presepada.

(…).

Nas palavras da vovó,
Depressa me recordei
De uma vez numa caçada,
Um vexame que eu passei,
Foi noitada cabulosa,
Além de escura, chuvosa
E do assombro lhe contei:

— Saímos, eu e meu pai,
Para mais uma caçada,
Até aquele momento
A noite estava estrelada,
Porém, bastou um instante,
O céu mudou de semblante
Com lampejo e trovoada.

Nossa cachorra Baleia
Era a melhor garantia
De sucesso na empreita
Pela sua valentia.
O tatu que ela acuava,
Depois que o dominava,
Por entre os dentes latia.

Seguíamos por uma trilha
No clarão do candeeiro,
Quando ouvimos alaridos
Por detrás de um imbuzeiro,
Nossa cachorra gania,
O prenúncio parecia
Arte de um catimbozeiro.

Como se estivesse presa
Por armadilha certeira,
O ressoar das lapadas
Igual de uma açoitadeira.
A pobre se maldizia,
Tudo aquilo parecia
Não ser nada brincadeira.

Após a tremenda surra,
Ela chegou assombrada,
E deitou-se em nossos pés
De uma forma acabrunhada,
Como quem diz “me acuda”,
Implorando por ajuda
Para não ser açoitada.

(Segue)...

Contato com o autor:
(11) 99135-1919 - WhatsApp
@pedrocordel

sábado, 25 de agosto de 2018

O TOSTÃO DA DISCÓRDIA

 



Escrevi em parceria com o Poeta Marco Haurélio O TOSTÃO DA DISCÓRDIA, Cordel publicado pelo selo Rouxinol do Rinaré Edições, a capa é de Eduardo Azevedo.

Estrofes iniciais:

Avareza é, para a Igreja,
Um pecado capital.
Teimosia é um defeito,
Como não há outro igual
E a esperteza é virtude
Que não conhece rival.

Nesse mundo desconforme,
Manda aquele que mais tem.
O pobre passa apurado
Para juntar um vintém,
Chorando a falta de sorte,
Até que um dia ela vem.

Por isso, vamos contar
Uma história interessante,
Sucedido há muito tempo
Numa paragem distante,
E versa sobre a avareza
De um rico comerciante.

O seu nome, João Caiado,
Maioral da região,
Quando alguém lhe perguntava
Segredos da profissão,
Depressa ele respondia:
— Tem que saber dizer não!

Para ele era a palavra
Sua maior garantia.
Se alguém lhe devesse algo,
Jamais o perdoaria
Enquanto não recebesse,
Qualquer que fosse a quantia.

(.)...

quinta-feira, 7 de junho de 2018

APRENDENDO COM O ERRO!


O maior erro na vida
é o ter medo de errar!
Um passo em falso na lida,
tem o dom de despertar
o recomeço da meta,
um novo rumo da seta
no seu modo de pensar.
 
                      PedrO M.

segunda-feira, 4 de junho de 2018

DENUNCIAR SEMPRE


Denunciar, prevenir
não é deixar desandar,
más fortemente abraçar
ações de um novo porvir.
Para a justiça punir
qualquer tipo de agressão,
sem engodo ou restrição,
porque quem ama não mata,
nem agride, nem maltrata —
É essa a grande questão!

quarta-feira, 30 de maio de 2018

CHICO TROPEIRO


Chico Tropeiro é um homem
que tem amor pela lida!
Um semeador de sonhos
pelas estradas da vida,
levando paz na algibeira
e a saudade matadeira
da sua terra querida.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

A LENDA DO CABEÇA DE CUIA

Apresentação

O Cabeça de Cuia, assombração que habita sob os leitos dos rios Parnaíba e Poti, no Piauí, chamou, desde cedo, a atenção dos folcloristas, a começar pelo baiano Alfredo do Vale Cabral, que assim o descreve: “É alto, magro, de grande cabelo que lhe cai pela testa e quando nada o sacode, faz suas excursões na enchente do rio e poucas vezes durante a seca. Come de 7 em 7 anos uma moça chamada Maria; às vezes porém devora os meninos quando nadam no rio, e as mães proíbem que seus filhos aí se banhem”.  (Achegas ao estudo do folclore brasileiro, 1884). A penitência, nascida de uma praga da mãe, duraria 49 anos. Luís da Câmara Cascudo, em Geografia dos mitos brasileiros (1948), atribui à lenda uma origem branca. O episódio da maldição materna aparece em lendas semelhantes, de visível cariz religioso, a exemplo do Corpo-seco, que assombra, sem descanso, o interior paulista.
Às observações dos mestres do Folclore é preciso acrescentar, porém, uma hipótese. O formato de cuia, símbolo da maldição, é o mesmo da Lua. O número 7, que, segundo Câmara Cascudo, “a Cabala da Babilônia julgava misterioso e sinistro”, remete aos dias da semana e aos ciclos lunares. As mais recentes pesquisas, como a feita pelo autor deste folheto, Pedro Monteiro, destoam em parte das informações registradas desde o século XIX. Quatro virgens já teriam sido devoradas pelo monstro, o que indica um ciclo completo da Lua (o Cabeça de Cuia só ataca à noite). A ligação da Lua aos ciclos da água é mais uma informação arcaica diluída no mito. O número total de virgens remete ao Setestrelo, o agrupamento de estrelas que os gregos chamavam Plêiades, filhas de Atlas e Pleione. Formam a cauda da constelação de Touro, e a sua posição no céu se explica pela perseguição a elas infligida pelo caçador Órion. A carne touro é a alimentação do jovem Crispim, antes da metamorfose, e é com um osso corredor, parte do fêmur, que ele mata a mãe. É possível, portanto, que a lenda do Cabeça de Cuia derive de um mito sideral (o de Órion perseguindo as Plêiades), fundido e refundido através dos tempos, que encontrou no Piauí, estado de grande tradição na pastorícia, um reflexo poderoso nas águas de seus mais importantes rios.

                                                                                                Marco Haurélio

Estrofes inicias:                                                      

Eu peço vossa atenção
Aos versos que narro aqui,
São ricas oralidades
Num conto que recolhi
Junto ao povo ribeirinho
Das terras do Piauí.

Nas margens do Parnaíba,
Rio de rara beleza,
Sua paisagem revela
Encantos da natureza,
Na voz e crença do povo
O mito vira certeza.

Poti, outro grande rio,
De leito espetacular,
Tem correnteza serena
Com o dom de desnudar
Boa parte dos mistérios
Da história que vou contar.

Há no encontro dessas águas,
Além do deslumbramento,
Na foz desses dois gigantes
Vê-se com estranhamento,
Um monstro representado
Através de um monumento.

A arte do monumento
Retrata o jovem Crispim
Que a mãe amaldiçoou
Por um presságio ruim,
Como Cabeça de Cuia,
Foi este seu triste fim.

Diz a lenda que Crispim,
Depois que seu pai morreu,
Morava só com a mãe,
Da pesca sobreviveu,
Pois era o ofício do pai
E o único que ele aprendeu.

(...)

Suas últimas palavras
Ela proferiu assim:
— Por agir de forma rude,
Sem piedade de mim,
O seu futuro terá
A maldição como fim!

Como era já meio-dia,
Os anjos disseram amém!
Uma peitica cantou,
Logo em seguida um vem-vem...
Depois um rasga-mortalha
Marcou presença também.

Com o seu trinar sombrio
Um vento forte adentrou
Através de uma janela
E um mau-agouro lançou,
Até o seu santo de guarda
Caiu no chão e quebrou.

Contato com o autor:
(11) 99135-1919 - WhatsApp
@pedrocordel

terça-feira, 1 de agosto de 2017

A HISTÓRIA DO BOI ENCANTADO


                                                  Apresentação 
                                                                                                            
A HISTÓRIA DO BOI ENCANTADO, poema em cordel de autoria de Pedro Monteiro, inspirado na fábula africana O TAUMATURGO DAS PLANÍCIES[1] é mais uma iniciativa de resgate do patrimônio cultural africano a ser popularizado na linguagem do cordel.
                 As recentes conquistas do movimento negro, incluindo suas demandas históricas na agenda das Políticas Públicas Brasileiras, resultaram na construção de um vasto marco legal que vai desde a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial às Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Etnorraciais. Com isso, rompe-se o etnocentrismo europeu que caracterizou nossa historiografia, silenciando a rica contribuição da história e cultura africana na formação social brasileira. O trabalho ora editado se inscreve, portanto, no fértil terreno da literatura, trazendo uma fábula, que embora aos leitores atuais não deixe passar despercebido valores questionáveis no que se refere à desigualdade de gênero, tem por foco a temática da ancestralidade, ou seja, a importância de se cultivar as raízes culturais que constituem a identidade de um povo. 
                                                          No texto, os protagonistas tomam decisões que desdenham da tradição e afrontam os laços familiares, no que resulta em grandes aflições para todos e no auto-aniquilamento da comunidade. Ainda que constituída de um rico pluralismo cultural, de variadas crenças, costumes, condições geográficas, línguas etc., a cultura africana tem na reverência as suas linhagens ancestrais, manifesta nas práticas de transmissão cultural oral pelos Griots, os mais velhos representantes da sociedade, um elemento comum e decisivo para a construção de uma matriz cultural que é o sustentáculo de diferentes formas de organização social no continente. A noção de Ubuntu, princípio filosófico central da cosmovisão de inúmeras sociedades africanas, é a régua e o compasso da ética de construção da vida coletiva, assentada no reconhecimento da interdependência do Eu e do Outro e que pode ser traduzida pela expressão: Eu só existo porque nós existimos. É ao que nos remete a conflitiva e mal sucedida tentativa dos protagonistas de romper com as crenças da sua tradição cultural, ameaçando, com isso, toda a comunidade, conforme havia sido anunciado pelos mais velhos. 
                 Vê-se que o senso de pertencimento implica em alimentar o que está na base da crença daquilo que dá sentido à coletividade e que está em estreita relação com as forças da natureza, nas suas complexas formas do visível e do invisível.  Na nossa história, também temos a experiência de formação de comunidades, como as quilombolas, centradas na ideia de ancestralidade, equidade e autossustentabilidade.
                 Neste sentido, o texto, em suas diferentes versões, oportuniza o diálogo com as matrizes culturais de nossa formação social.
                 Saudemos a memória dos nossos ancestrais, que da tradição oral, passando pelas páginas impressas da Coleção: Maravilhas do Conto Universal, chega às belas rimas do poeta Pedro Monteiro, um convite a outras leituras. 

Dra. Fátima Vasconcelos
(PPG em Educação Brasileira — UFC)




[1] Fonte: Fernando Correia da Silva (org.) Maravilhas do conto popular, São Paulo: Cultrix, 1959. Introdução, seleção, notas e traduções de Nair Lacerda. Coleção: Maravilhas do Conto Universal. 

Publicado pela Cordelaria Flor da Serra, com ilustração do Eduardo Azevedo.

Estrofes inicias: 

Em narrativa poética
De rosto cordeliano,
Igual à chuva que cai,
Formando o grande oceano,
Eu lhes trago interação
Pela presente versão
De um belo conto africano.

Recolhido em Moçambique,
Terras de domínio banto,
Difuso na oralidade
Criou magia e encanto
À luz daquela cultura,
Com firmeza de postura,
Na alegria ou no pranto!

Tem magia, imprudência,
Turrice entre pai e filho,
É uma fábula antiga
Que nunca perdeu o brilho,
Por uma intrincada teia,
Revela o fim de uma aldeia
Pela morte de um novilho.

Essa instigante história
Pertence ao povo ba-ronga,
Que habita a costa sudeste
E fala língua xironga,
Apelidada landim,
E ela chegou até mim,
Vencendo jornada longa.

Era uma vez um casal
Singelo, porém feliz,
Com um belo par de filhos
E como o costume diz:
O rapaz será o herdeiro,
Se a moça casar primeiro,
Pronta para ser matriz.

Ao arranjarem pra ela
Um rendoso casamento.
Quando recebeu o dote,
Que chegou num bom momento,
Seu irmão já o aguardava,
Pois sua hora chegava
Do mesmo acontecimento.

— Você já pode casar-se! —
Disse o pai para o seu filho:
— Use os recursos do dote,
Parte da safra de milho;
Invoque o bom criador
E seja merecedor
De um futuro com mais brilho.

Mas para isso é preciso
Ligeiro encontrar alguém,
Que a sorte lhe seja farta
Terei que rogar, também,
Que o deus Ifá o proteja
E a sua escolhida seja
Filha de gente de bem!

O rapaz lhe respondeu:
— Sairei para encontrar
A bela moça com quem
Haverei de me casar.
Sei que por aqui não tem,
Por isso mesmo, convém
Procurar noutro lugar.

O velho disse: — Meu filho,
O homem, para ter sorte,
Tem de ter ouvidos bons,
Não lhe bastando ser forte;
Por que ir à terra alheia,
Se aqui em nossa aldeia
Você encontra consorte?

O rapaz disse: — Meu pai,
Por este conselho seu,
Eu não darei nem um passo,
Pois a mim não convenceu.
Seja bonita ou feinha,
A mulher que será minha,
Quem escolherá sou eu!

Contato com o autor:
(11) 99135-1919 - tim

ARTE E CULTURA

FLOR AMARELA

Brilho da flor amarela, num cenário multicor, a paisagem na janela sugere versos de amor.                          PedrO M.