terça-feira, 6 de junho de 2017

O TRIUNFO DO POETA NO REINO DO CAFUNDÓ



Pedro Monteiro é um danado. Depois de visitar o universo dos heróis picarescos com Chicó, o Menino das Cem Mentiras e João Grilo, um Presepeiro no Palácio, Pedro se volta, agora, para cenários e personagens que fazem lembrar as Mil e Uma Noites. Mas não nos enganemos: O Triunfo do Poeta no Reino do Cafundó – lançado recentemente pela Luzeiro – integra o mesmo rol dos anteriores, embora, aqui, o burlesco não se revele de imediato e, mesmo no final, só seja percebido por olhares mais perspicazes. As estrofes do introito demonstram que a literatura é a soma do talento individual à capacidade de garimpar no inconsciente coletivo:

Certa vez imaginando
A nossa ancestralidade,
Joguei luz no pensamento,
E busquei na oralidade
Histórias que se perderam
No vão da modernidade.

Peguei caneta e papel,
Remexi nos meus lembrados,
Invoquei sabedoria
Dos nossos antepassados,
Lembrei-me da minha avó
Fazendo seus proseados.

Ela falava que um reino
Chamado de Cafundó
Tinha um monarca viúvo
De nome Halabadjó,
Que dizia descender
Do patriarca Jacó.

Este Rei tinha uma filha
Pronta para se casar.
Por ela ser unigênita,
Era preciso arranjar
Um pretendente que fosse
Apto para governar.

Maristela era o seu nome
Uma formosa donzela,
O Rei invocou a Vênus
Para ser tutora dela.
Nos encantos, esta deusa
Foi generosa com ela.

Sua feição parecia
O brilho celestial,
Um primor de formosura,
Uma arte escultural,
Como o fulgor da aurora
No rebento matinal.

Foi assim que certo dia
Halabadjó publicou
Um edital informando
Que sua corte aprovou
E aquela sucessão
Ele assim normatizou.

A regra daquele edito
Foi por um sábio proposta:
Seria feito a disputa
Entre pergunta e resposta,
Somente o sábio dos sábios
Venceria aquela aposta.

(...)

Aparecerá, depois, outro rei cruel, de nome Nagib, que mudará as regras do jogo e instituirá a pena de morte para quem não responder às suas ardilosas perguntas:

Este Rei era Nagib,
Homem de muita ruindade.
Para com o Halabadjó
Agia sem lealdade
Pra transformar Cafundó
Num império de maldade.

Um poeta, de nome Valdemar, tentará interromper a cadeia de maldades impostas pelo tirano. Sua chegada ao reino e o encontro com a princesa Maristela é um interlúdio romântico, necessário à identificação do protagonista:

Ela, quando viu o moço,
Ficou impressionada,
Sua beleza era tanta
Podendo ser comparada
Ao brilho do deus Apolo
Sobre uma flor encantada.

Não é novo na literatura de cordel o motivo das perguntas e respostas. Figura no grande clássico História da Donzela Teodora, de Leandro Gomes de Barros, e nas Proezas de João Grilo, de João Ferreira de Lima. Câmara Cascudo recolheu o conto As Perguntas de D. Lobo, reproduzido no Contos Tradicionais do Brasil, em que o personagem-título é derrotado por um moço que lhe faz a seguinte pergunta: “Quem é que nasceu de uma Virgem, batizou-se num rio e morreu numa cruz?”. D. Lobo, que era o Diabo sob disfarce, sem poder pronunciar o sagrado nome de Jesus, acaba derrotado. O rei Nagib da fabulação de Pedro, encarnando o mal absoluto, é uma caricatura do Diabo dos contos de adivinhação.

Saudamos, assim, mais um triunfo do poeta Pedro Monteiro que a cada novo título enriquece mais o cordel, gênero que ele adotou como profissão de fé e ao qual tem prestado valorosos serviços.

Contato com o autor:
(11) 99135-1919 - tim

segunda-feira, 5 de junho de 2017

HISTÓRIA DAS COPAS DO MUNDO EM CORDEL


*****É Lançado em São Paulo*****

A Caravana do Cordel, através da Editora Luzeiro, lançou seu primeiro trabalho coletivo contando a HISTÓRIA DAS 18 COPAS DO MUNDO, narrada por um time de 18 poetas.

COPAS X POETAS

1930 – Cícero Pedro de Assis
1934 – Cleusa Santo
1938 – Pedro Monteiro
1950 – Varneci Nascimento
1954 – Aldy Carvalho
1958 – Carlos Alberto Fernandes da Silva
1962 - Costa Senna
1966 - Moreira de Acopiara
1970 – Benedita Delazari
1974 – Aderaldo Luciano
1978 – Nando Poeta
1982 – Josué Gonçalves Araujo
1986 – João Gomes de Sá
1990 - Dé Pageú
1994 – Sebastião Marinho
1998 – Cacá Lopes
2002 – Marco Haurélio
2006 – Luiz Wilson

O trabalho ficou primoroso e agora com uma novidade, o cordel de 32 páginas com ISBN, é um verdadeiro livro, podendo ser consultado em qualquer parte do mundo, após ser feito o depósito legal. Este trabalho é resultante do time de poetas que se empenhou para fazê-lo e que está um primor, tudo sob a organização de Nando Poeta, o pai da idéia. A capa está simplesmente linda feito pelo André Mantoano, um jovem talento que tem se revelado um exímio capista.

Veja as primeiras estrofes do cordel:

O futebol pelo mundo
É uma forte paixão.
E sua Copa do Mundo
É momento de emoção,
Completam-se oitenta anos
Da sua realização.

Cada lance de uma Copa
Faz o torcedor vibrar.
Quando a sua seleção
Entra em campo pra jogar.
Seus craques, gols ou fracassos,
Fazem sorrir e chorar.

Por isso nossos poetas
Tentaram fazer a obra
Todos atletas da rima
Com poesia de sobra
Fazendo na arte do verso
Olé, gingado e manobra.

Cada um fez um resumo
No trabalho de gigante.
Caravana do Cordel,
Um movimento importante,
Mostra ao mundo do esporte
Que o cordel é atuante.

Revela que o futebol
Além de ter ginga pura,
De drible, de goleada,
De disputa e de bravura,
É possível ir do gramado
Para o campo da leitura.

(...)

Contato com o autor:
(11) 99135-1919 - tim


domingo, 4 de junho de 2017

JOÃO GRILO, UM PRESEPEIRO NO PALÁCIO

















Pedro Monteiro, cordelista piauiense radicado em São Paulo, membro fundador da Caravana do Cordel, lança novo folheto, explorando mais uma vez o tema gracejo.

Pedro traz de volta o personagem João Grilo, o grande pícaro dos contos populares.

Uma das referências imediatas é o conto "Adivinha, adivinhão", recolhido e comentado por Câmara Cascudo, a mais lúcida inteligência que este País concebeu.

Autor de "Chicó, o menino das cem mentiras" (Luzeiro, 2009), Pedro publica agora, pela Tupynanquim de Klévisson Viana, este "João Grilo, um presepeiro no palácio".

A ilustração da capa é do próprio Klévisson.

Abaixo, as estrofes que abrem o folheto:

Quero aqui contar em versos
Uma aventura engraçada,
Sobre um bom adivinhão
De astúcia comprovada,
Fazendo revelação
Com uma ave encantada.

O mestre Câmara Cascudo
Fez a catalogação
Desta pérola recolhida
Na fonte da tradição,
Fincada lá nos guardados
Da nossa imaginação.

Vem da tradição oral,
Presente em forma de conto,
Atravessando fronteiras —
Quem conta aumenta um ponto!
E gente de toda idade
Aplaude e pede reconto.

Para narrar em sextilhas,
Confesso aqui que inventei,
Refazendo a narrativa,
Muito lhe acrescentei,
Mas, por não ser todo meu,
Assim me justifiquei.

Quando separei João Grilo
Do seu parceiro Chicó,
Foi como se dividisse
A ventania do pó,
Já que nesta ligação,
Tem corda, laçada e nó.

(...)

Contato com o autor:
(11) 99135-1919 - tim

sábado, 3 de junho de 2017

CHICÓ, O MENINO DAS CEM MENTIRAS * Autor PedrO MonteirO* por Marco Haurélio



















O poeta, ator teatral e agitador cultural Pedro Monteiro estreou com o pé direito na Literatura de Cordel, com o precioso folheto Chicó, o Menino das Cem Mentiras.

Pedro foi buscar inspiração nos contos populares para compor a célebre figura do mentiroso presente em todas as literaturas de todas as épocas.

Meu estimado leitor,
Peço aqui vossa atenção
Pra falar dum Coronel,
Um homem sem coração,
Que se rende a um menino,
Como segue a narração:

O Coronel atendia
Por nome de Nicanor,
Era um sujeito perverso
Do coração sem amor,
Que oprimia e matava
O povo trabalhador.

Aos berros ele dizia,
Batendo forte no peito,
Que o desígnio da morte
Era o seu maior feito,
E só quem ele queria
À vida tinha direito.

Do jovem ao ancião,
No chicote ele tratava,
E quando ouvia um não,
A sua ira aumentava,
Mesmo que fosse mulher,
Sem piedade a matava.

Como todos têm seu dia,
O Nicanor teve o dele.
Estando preocupado
Com um assunto que ele
Preferia nem lembrar
Para não se sujar nele.

Buscando descontração,
Mandou rodar a notícia,
Prometendo pagar bem
Pra quem, com muita perícia,
Fosse lhe contar lorotas,
Que não tivesse malícia

(...)

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(11) 99135-1919 - tim
@pedrocordel

quarta-feira, 31 de maio de 2017

FACE FEMININA




Mulher, um ser mitigante
de volúpia curiosa,
é natureza pulsante
tal qual a flora ditosa;
tem meiguice e sutileza,
contendo encanto e beleza
qual o perfume da rosa.



terça-feira, 30 de maio de 2017

ABRAÇO


Candura e delicadeza
Por um abraço trocado,
Afinidade e grandeza
De quem faz nobre tratado,
Pela tinta da emoção,
No papel do coração,
Carimbo e rogo firmado.



PedrO MonteirO

LUZ


Pelas estradas da vida
meu rogo será patente,
Que Deus esteja presente
Guiando o seu dia a dia,
Nos caminhos da verdade,
Bendita felicidade,
À luz da sabedoria.


PedrO MonteirO

ARTE E CULTURA

FLOR AMARELA

Brilho da flor amarela, num cenário multicor, a paisagem na janela sugere versos de amor.                          PedrO M.