quarta-feira, 22 de maio de 2024

O FANTASMA DO RIO SURUBIM

                                                               


Numa curiosidade

Bastante emancipatória,

Revisitei meus lembrados 

Nos guardados da memória,

Em cada passo, uma curva

E em cada curva, uma história.


Palmilhando esse caminho, 

Pautado na sensatez,

Segui nas bisbilhotanças

Imbuídas de altivez. 

Parte do que recolhi,

Agora conto a vocês.


Com o século dezoito 

E seu desenvolvimento,

Criar meio de transporte 

E estrada de escoamento

Das riquezas produzidas,

Era o foco do momento.


Sendo motivo de orgulho

Do povo piauiense,

O rio Surubim nascido

Na boa terra Altoense,

Compartilhando os encantos

Com o Campomaiorense.


Serpenteando a Caatinga,

Para depois desaguar

No Longá, que é outro rio

E, assim, também se integrar

Ao leito do Parnaíba

Que desemboca no mar.


Na travessia do rio

Foi construída uma ponte,

O progresso, lentamente,

Demonstrava sua fronte,

Limiar desse momento

Em prol de um novo horizonte. 


Numa estrada piçarrada,

Sempre que um carro passava,

Algo que estivesse à margem

Depressa se empoeirava      

E só se podia ver

Quando a poeira baixava.


Mas os ventos promissores 

Atraíam criadores

Com seus rebanhos diversos

E também os mercadores,

Melhorando o suprimento 

Para os demais moradores.


O Seu Raimundo Feitosa,

Habitava esse lugar,

Era um sujeito modesto

Que vivia a trabalhar,

Mas sempre arrumava tempo 

Para um breve prosear.


Por vezes torcia cana

Numa moenda engenhosa,

A garapa era servida

Regada a bastante prosa

Entre seletos amigos —

Reunião primorosa.


No seu estilo de vida

Algo chamava atenção,

O fato dele morar

Na mais pura solidão,

Tendo como companhia

Só um destemido cão.


Ele, também costumava,

Sempre ao cair a noitinha

Preparar o seu cigarro

Acomodado onde tinha

Boa visão para a estrada, 

Torcendo a sua palhinha.


Dessa forma, certo dia,

Ele pôs-se observar,

Uma luzinha contínua

Naquele curso a passar,

Sua curiosidade

Começou a despertar.


Mantendo-se muito atento 

Na posição costumeira,

Ele pôde concluir 

Que aquela cena certeira

Acontecia somente 

Nas noites de sexta-feira.


Certa feita, Seu Raimundo,

Muito atento observava

A luz se movimentando

De um jeito que clareava

Como se fosse uma vela 

Que o vento não apagava.



(...).



Ele, parado na margem, 

Pôde notar o sumiço

Daquela pequena tocha

Misteriosa e, com isso,

Seus cabelos ouriçaram

Antevendo um rebuliço.


Nessa hora, ele também 

Sentiu seu corpo tremer,

A seguir, um grande estrondo

Fez o rio estremecer…

Raimundo, nesse momento,

Nem conseguia correr.


Aturdido ele ficou 

Ao ouvir o cangapé,

As águas se agitavam 

Com enorme “labacé”,  

Ele ainda resistia

Por ser um homem de fé. 


Todo o leito borbulhava

Como se fosse fervura, 

A correnteza girava 

Com estupenda bravura, 

Foi quando emergiu das águas 

Uma horrenda criatura. 


Era um ser descomunal,

Uma serpente gigante,

Possuía um olho só,

Na cor vermelho brilhante, 

Disseminava terror

Num cenário horripilante. 


(Segui…). 


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sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

A LENDA DO GUARANÁ

A lenda do Guaraná tem origem na região norte do Brasil e é uma das mais populares do nosso folclore.
O guaraná é um fruto originário da Amazônia e, segundo a lenda dos povos Sateré-Mawé, representa os olhos de um curumim que foi mordido por uma serpente quando estava apanhando frutos na floresta e veio a falecer.
A Lenda do Guaraná foi publicada pela Rouxinol do Rinaré Edições/capa de Eduardo Azevedo.

Estrofes iniciais:

O folclore brasileiro,

De existência secular,

Tem no universo lendário 

Um meio de preservar

Boa parte dos valores 

Da cultura popular.


Povo Sateré-Mawé, 

Herdeiro de muitas crenças, 

Vem da tradição oral

Suas múltiplas sabenças

No cuidado com o corpo 

E proteção de doenças. 


(...).

Após banhar-se nas águas 

Do mais sublime desejo,

Não tardou a engravidar, 

No fulgor daquele ensejo,

Só bastou um beija-flor 

Num flerte, tascar-lhe um beijo.


Com as bênçãos de Tupã,

Pelo seu merecimento,

Por ter coração bondoso

Não tardou o nascimento, 

Na teia da evolução,

Do mais vistoso rebento.


Ele crescia mimoso, 

O mais querido dali,

Apreciador de frutas

Igual um Araguaí, 

E prontamente atendia

Pelo nome de Aguiry. 


Era um curumim saudável,

Cheio de amor e alegria, 

No coração da floresta

Onde se desenvolvia.

Sempre muito festejado 

Na medida em que crescia.


(...).


E, assim, num certo dia, 

Quando Aguiry caminhava 

Entre os pés de castanheiros

Uma cobra lhe espreitava,

Após um bote certeiro 

O seu veneno o matava.


Com isso, Yurupari, 

A face da crueldade,

Pôs os seus olhos na aldeia

Disseminando maldade 

Ao ceifar o curumim

Ainda na flor da idade.


Aguiry foi sepultado, 

Naquela mesma manhã,

Num lugar bastante calmo

Perto da tabapuã,

Seu corpo para Mãe-Terra

E a alma para Tupã.


Após esse acontecido 

Houve grande comoção. 

A morte daquele jovem 

Foi de cortar coração, 

Mas o feito deu lugar 

A pronta reparação. 


Fizeram da sepultura 

Um igara de tristeza,

O pranto daquele povo

Convertido em correnteza 

Sobre um chão abençoado 

Por obra da natureza. 


Com o passar de algum tempo 

Sua mãe observou 

Na fronte da sepultura 

Que uma plantinha brotou,

Em forma de trepadeira

Cresceu e frutificou.


Ao dar as primeiras flores 

A planta foi visitada

Por abelhas operárias

Numa missão delicada, 

Pela polinização 

Ela foi multiplicada.


Cada fruto apresentou 

Um traço muito bem-feito:

Uma casca avermelhada,  

Sementes pretas do jeito

Dos olhinhos de Aguiry,

Num paralelo perfeito. 


Segue…


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sábado, 3 de junho de 2023

LENDA DA CARNAUBEIRA

 


LENDA DA CARNAUBEIRA 

 — árvore da providência —  

 Reza a lenda indígena, que uma tribo vivia feliz. O sol aquecia as cabanas, amadurecia os frutos e de vez em quando as nuvens cobriam o sol e a chuva caía, molhando as plantações, aumentando os rios. Mas depois o sol começou a ficar muito quente, muito quente, prenunciando uma grande tragédia. 

Foi assim que tudo começou.

Apaixonado que sou por lendas, especialmente, indígenas, assuntei, assuntei e escrevi a presente composição, narrada em Cordel e publicada pelo selo Rouxinol do Rinaré Edições, com ilustração de capa de Eduardo Azevedo.


Estrofes iniciais:


Dentre as mais nobres riquezas

Desta terra brasileira,

Falarei sobre a história

De uma encantada palmeira,

Hoje conhecida como

Lenda da Carnaubeira.


Reza a lenda que uma terra

Rica de paz e harmonia,

Suas matas vicejavam

Depois que a chuva caía,

Tudo que fosse plantado

Rompia a cova e crescia.


Com o passar de algum tempo

Tudo começou mudar,

Impiedosamente o sol

Fazia a terra secar,

Com isso o povo dali

Viu seu mundo desabar.

(...).

E o Curumim perguntou:

— O que devo observar?

Mais uma vez ela disse

Ouça o que vou lhe falar:

— “A natureza é a única

Fonte capaz de salvar.


Talhe meu tronco e a seiva

Irá matar tua sede,

Das minhas palhas e talos

Tecerá a tua rede,

E te servirão também

De cobertura e parede.


O talo fino da folha

Te servirá de peneira,

A parte nobre do olho

Para construir esteira;

Meu tronco em tua cabana

Pousará de cumeeira.


Dou resistência na cerca,

No formato de mourão,

Sou suporte impermeável 

No casco de embarcação,

Estou no cesto de palha,

Vassoura, abano e surrão.


Eu sou viga, caibro e poste,

Também a ripa possante,

Meu pó se transforma em cera,

Verniz e lubrificante.

E dentre os produtos fármacos,

O pellet e o laxante.


Segue…


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ARTE E CULTURA

FLOR AMARELA

Brilho da flor amarela, num cenário multicor, a paisagem na janela sugere versos de amor.                          PedrO M.